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Saneamento básico: Canteiro Bio-Séptico
Recentemente, em entrevista para a revista Aqua Vitae, numa edição especial sobre saneamento, Ger Bergkamp, atual diretor geral do Conselho Mundial da água, afirmou:
“Um dos desafios comuns para os países da América Latina é garantir os serviços básicos de saneamento para as mais de 500 milhões de pessoas que vivem na região. Embora temas ligados às soluções higiênicas também sejam muito importante a nível local, é preciso também um enfoque no que acontece mais em baixo e se perguntar quais os sistemas de grande escala que temos de pôr em prática para que o tratamento de 100 milhões de toneladas de resíduos seja feito de maneira ambientalmente correta? …Este seria um grupo (para o V Fórum Mundial da Água) capaz de desenvolver novos enfoques sobre a busca de soluções para as urgências do setor de saneamento, entre outras coisas, será discutida a maneira de ir mais além do conceito das águas residuais como apenas resíduos, para se examinar uma forma de transformar os dejetos em recursos. A carteira de soluções promovidas pelo grupo da América Latina pode proporcionar oportunidades reais capazes de superar os problemas neste setor.”
Não há problemas e sim, oportunidade!
O uso dos dejetos como recurso de maneira ambientalmente correta é exatamente a maneira encontrada pelo Ecocentro IPEC, há 10 anos, para lidar com a questão do saneamento. As tecnologias sociais aqui desenvolvidas, testadas e aprovadas são capazes de resolver com eficiência, sustentabilidade e baixo custo, a falta de acesso ao saneamento básico que atinge 67,5% da população brasileira.
“Temos tecnologias que podem resolver o problema do saneamento do Brasil inteiro. É apenas uma questão de vontade política. Dizem que obras de saneamento não dão voto porque são invisíveis. As nossas soluções estão acima da terra e, portanto, visíveis, são baratas, simples e não poluem”, afirma André Soares, diretor do Ecocentro IPEC.
Canteiro Bio-séptico
Conhecida popularmente por “fossa de bananeiras”, é uma técnica de tratamento de efluentes domésticos desenvolvida pelo Ecocentro IPEC para solucionar o problema da poluição existente em zonas urbanas e periféricas com os efluentes dos sanitários convencionais jogados em ‘sumidouros’. Vale lembrar que, em comunidades com mais de 500 habitantes/km2, a biologia do solo não consegue realizar a eliminação completa de patógenos e, particularmente onde o lençol freático está próximo da superfície, o problema pode chegar a sérios riscos para a saúde pública. Por isso, o canteiro bio-séptico é uma opção segura, barata, bonita e sustentável ao saneamento básico.
Como funciona o canteiro bio-séptico?
Ele é facilmente construído com materiais prontamente disponíveis no mercado e de baixo custo. Uma escavação de 1mX1mX4m é feita em nível no terreno e esta vala é repetida paralelamente. Dentro da vala é construída uma câmara para receber os efluentes e a construção é feita de com tijolos de 6 furos, tijolos maciços e meias-manilhas de concreto, de forma a receber os efluentes para um tratamento biológico híbrido.
O tratamento híbrido – O efluente é digerido anaerobicamente pelos micro-organismos presentes. A medida em que o nível aumenta, o líquido alcança os furos dos tijolos e sai para uma segunda câmara preenchida com material poroso, como argila expandida, e propicia a digestão aeróbica da matéria orgânica e minerais. Nos quinze centímetros superiores da vala são plantadas bananeiras e outras plantas hidrófilas que fazem a evaporação do líquido remanescente.
Esse sistema já foi instalado em uma variedade de situações, desde residências convencionais até restaurantes e feiras, e os resultados são surpreendentemente positivos: não há efluentes e as plantas produzem alimento de ótima qualidade.
Aguarde, nos próximos dias a segunda parte deste artigo.
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