sábado, 29 de outubro de 2011

CINZAS


Cinzas de madeira podem ser retiradas de churrasqueiras ou fornos a lenha, geralmente padarias, pizzarias ou restaurantes italianos, com fornos a lenha jogam sacos dessas cinzas fora toda semana. Nas churrasqueiras onde se usar assar a carne com muito sal grosso, deve-se tomar cuidado com o excesso de sódio, que não faz nenhum bem as plantas, mas mesmo de churrasqueiras caseiras e assando com sal grosso nunca tive problemas com cinzas. Passe as cinzas numa peneirnha, pode ser de metal ou plástico, mas não muito fina, as cinzas peneiradas podem ser usadas na metade ou no máximo, 70% do volume indicado para o calcário. Em lojas de produtos agropecuários, se vendem tanto o calcário agrícola, como a maioria dos fertilizantes mais comuns a granel, em saquinh0os de 1 ou 2Kg. Geralmente com um saquinho desses de calcário e de NPK dá para produzir a maioria dos substratos a partir das misturas com terra comum que in dicamos para a maioria dos usuários. Esses insumos a granel, geralmente custam entre R$ 1,50 a R$ 2,50 o Kg, essa semana mesmo comprei 1,0Kg de uréia e 2Kg de um NPK 5-20-20.
por roque
em 26 Set 2010, 05:57

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As plantas maiores podem ser cultivadas em volumes de substrato de 10 litros ou acima, sacos de ração com um volume de 12, 15 litros conseguem manter pimenteiras, as berinjelas, quiabos, tomateiros, etc. O ideal mesmo são 20 litros, mas entre 10 e 20 litros vc consegue produção dessas hortaliças. O substrato pode ser areia fina 25%, terra de barranco 60%, esterco curtido de bovinos e ou composto organico 10% e 5% da mistura = humus de minhocas 4,7% + calcário 0,2% + adubo NPK 10-10-10 0,1%. Em termos práticos para 100 litros, vc mistura 25 litros de areia fininha, 60 litros de terra comum, de preferência vermelha ou preta, 10 litros de esterco curtido ou composto organico, 5 litros de humus de minhocas, 200 ml de calcário agrícola, um copo descartável para água de 200ml, se não tiver calcário serve o mesmo volume de cinzas de madeira peneirada, e meio copo ou 100 ml de NPK 10-10-10. Mistura tudo muito bem e pronto. Se quiser 20 litros pode misturar numa bacia grande dessas que se vem barato nos comércio de plásticos, basta dividir tudo po 5 e terá a mesma fórmula. Uma alternativa são os baldes que se vendem também nas lojas de variedades, até se compra por dúzias, faz furos em baixo e coloca-se uns 2 litros de pedra brita no fundo e depois o substrato.


Para prevenir pragas, use os consagrados: kumulus ou enxofre molhável para ácaros e a calda de fumo para outros insetos.
por roque
em 23 Set 2010, 16:17

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Olá Roque

Consegui ler todo o tópico pela primeira vez, acho que ainda precisarei de mais duas oportunidades pelo menos para processar tudo...


Preciso de ajuda. Tenho algumas mudas com 5cm de altura em vasos de 300ml com "terra vegetal". Não tem nenhuma especificação da composição. O único dado visível é que é preta. Não adubei nem adicionei nada, além de água.
Preciso adubar agora, antes do transplante definitivo com 15 cm de altura?
O local definitivo serão vasos de 25 litros. Pelo que entendi do tópico farei uma mistura de 50% de terra de barranco (aqui é bem vermelha e argilosa, depois de molhada e seca parece um tijolo), 20% de areia de construção e 30% de humus de minhoca. Estou pensando em acrescentar fibra de coco e cinzas, só não imagino quanto...É preciso incorporar na mistura o NPK? Quanto vc recomenda?

Obrigado pela dedicação na escrita deste tópico, faz toda a diferença para quem está começando.

Abraços

Leandro
em 08 Jul 2010, 20:22

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roque escreveu:A casca de ovos e o alho devem sim ir para a compostagem. Todas as plantas necssitam de cálcio, mas melhor fonte desse nutriente é o calcário dolomitico, pois além do calcio, fornece também o magnésio. Farinha de ossos e até cinzas de madeira, melhor se nessas cinzas tiver também cinza de ossos de qualquer animal, são fontes alternativas de cálcio. A casca de ovos tem boa qtde de cálcio sim, mas sua liberação é lenta, e devemos evitar colocar materiais não compostados diretamente no solo ou ao redor das plantas. O alho em pequenas qtdes não vai afetar em nada a compostagem, pode misturar tudo e colocar na pilha!



Olá...

Tirei o dia para ler o Fórum. Por isso estou aproveitando para fazer as perguntas que surgem durante a leitura e que sejam pertinentes a todos os tipos de cultivo.

Eu costumo cozinhar, por isso sempre separo folhas de alface, almeirão, agrião, restos de beringela, tomates, pepinos, talos não usados de diversas folhagens comestíveis, inclusive casca de amendoim. Tudo isso in natura, isto é, sem cozinhar, assar nem temperar. Passo tudo isso pelo liquidificador com um pouco de água e aplico diretamente nas minhas jardineiras e vasos. Retiro a 3/4 da terra, coloco esse "suco" e volto os outros 3/4 por cima.
Como o Roque citou, não devemos colocar materiais não compostados diretamente no solo. Mas esse "suco" que faço também deveria ser compostado? Nunca havia pensado em compostar essa "farmacinha" pois sempre a achei inofensiva. Corrijam-me se estiver errado... e comentem se estiver certo. Por favor.

Caso tenha de compostar, faço os procedimentos já citados anteriormente para compostagem?

Hoje planto em jardineiras e vasos meus tomates, pimentões, almeirões, brócolis, hortelâs e tenho um pé de pimenta ornamental que soube há dias atrás poder comê-las, graças ao Fórum.

Obrigado pela atenção.
em 03 Jun 2010, 20:10

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Roque,

Muito obrigado pelas dicas. Vou segui-las à risca e posto o resultado dentro de algumas semanas. Respondendo à sua pergunta, não utilizei calcário. Vou, portanto, aplicar também as cinzas de madeira.

Abração!
em 20 Abr 2010, 13:51

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Pelos dados e pela fot, parece uma planta no final do seu primeiro ciclo de produção, uma vez que está sem flores, se for bem tratada e adubada poderá produzir por mais uma nova safra. O problema parece ser mesmo falta de nutrientes, principalmente N, mas pode haver outras carências também. Como vc comprou o 4-14-8, eu aplicaria uma colher de sopa na superfície do substrato, em círculo e como é um vaso, geralmente não está cheio até a borda, completaria com uma camada de uns 2 a 3 cm por cima de novo substrato, se vc tiver pode ser mistura de esterco curtido com terra e humus de minhocas, se não tiver esterco curtido ou humus, pode ser só terra mesmo, porém matéria orgânica de boa qualidade é muito importante ser acrescentada a cada novo ciclo de produção, pois fornece os micro nutrientes essenciais, além de melhorar as qualidades do substrato, depois mantenha a irrigação normal, eu faria ainda uma adubação foliar com a ueía diluída, pode ser uma colher de sopa num volume de 10 litros e aplique em toda a área foliar a tarde, depois que o sol esfriar. A adubação foliar com N e a adubação de cobertura com o NPK deverão fazer resultado dentro de uns 10 a 15 dias. Vc pode fazer uma nova adubação foliar dentro de dua s três semanas se sentir necessidade. Eu aplicaria também calda bordalesa uns 5 dias após a uréia porque tem algumas folhas com queima sugestiva de ataque com fungos, mas nada que seja preocupante nesse momento, a planta parece mesmo com carência nutricional. Outra coisa, vc aplicou calcário no substrato de enchimento do vaso? Se não fez isso o substrato pode estar também com pH abaixo do ideal, nesse caso aqplique uma colher rasa de cinzas de madeiraacima do substrato do vaso, bem espalhadas, pode ser por cima da camada de terra ou terra + matéria organica que colocou por cima do NPK 4-14-8. Depois de fazer isso, deixe o tempo passar e se depois coloque nova foto da planta para vermos se deu resultado.
por roque
em 19 Abr 2010, 17:10

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Muito obrigado pelos comentários.

As cinzas de madeira devem ser usadas com parcimônia, um excesso de cinzas pode alcalinizar o solo, elevando o pH acima de 7,0, o que pode ser tão ruim para as plantas qto os pHs muito baixos. Inclusive já existe explicação sobre isso aqui mesmo nesse tópico, onde falamos sobre calagem e correção de pH. Minha recomendação é que se use no máximo um copo de 200ml ou 300ml de cinzas peneiradas a cada m² de canteiro e que seja incorporada com a reviragem de 20cm de solo. Vale lembrar que os canteiros devem ficar também em torno de 20cm elevados acima do nivel do solo, então o material que deve se "amontoado" para formar a camada extra de 20cm, deve possuir o mesmo tratamento do restante do solo, então o canteiro bem construído apresenta cerca de 40cm de solo misturado com adubos, MO e corretivo de solo, seja calcário ou cinzas. As cinzas podem ser usadas numa medida igual até 50% do volume indicado de calcário dolomítico. Vamos lembrar que as cinzas apresentam uma maior capacidade de elevar o pH de forma mais rápida, porém apresenta uma menor capacidade de manter o pH corrigido, em comparação ao calcário. Isso deve-se basicamente a solubilidade dos sais com capacidade de neutralizar o H+ da solução do solo. O calcário é formado por óxidos, carbonatos e bicarbonatos de sais alcalino terrosos, principalmente Ca e Mg. As cinzas possuem um mix de óxidos de metais tanto alcalinos, alcalinos terrosos e outros, como Na, K, Ca, Mg, Fe, Al, Cu, Zn, etc.... Essa complexidade é devido a constituição da MO que pode ter uma grande variedade de metais em sua composição. Esses óxidos metálicos, são basicamente, de reação alcalina, qdo reagem com a água, os óxidos metálicos formam os respectivos hidróxidos, então qdo molhamos as cinzas de madeira temos a formação de vários hidróxidos que depois irão reagir com os íons hidrônio da solução do solo, elevando o pH do solo. Como a maioria dos hidróxidos formados é mais solúvel que os de Ca e Mg, então as cinzas elevam o pH mais rapidamente que o calcário, porém o calcário tem granulos maiores e os carbonatos se dissolvem mais lentamente, elevando o pH de forma mais gradual, porém a ação do calcário pode se extender por mais de 3 anos, qdo bem feita e usando-se um tipo de calcário adequado. Por isso temos de tomar um maior cuidado com a adição de cinzas no solo, melhor ir adicionando aos poucos o material e ir percebendo a reação das plantas e do solo. O uso das cinzas é muito observado nas populares queimadas, qdo os agricultores derrubam a vegetação nativa e ou de capoeiras e depois ateiam fogo para limpar a área e preparar o solo para o plantio. Com a queima as cinzas da vegetação ficam depositadas no solo, com as chuvas essas cinzas reagem e elevam o Ph do solo, além de fornecer de forma rápida boa parte dos nutrientes disponíveis nas plantas que compunham a vegetação de cobertura, principalmente os íons metálicos e o fósforo, o N é quase que totalmente volatilizado na queima. Então durante uma a duas ou no máximo três colheitas o solo produz bem, ficando rapidamente cansado e tem de ser abandonado no ano seguinte ou subseqüente e abre-se uma nova área ou queima-se novamente. Esse manejo de queimadas é uma forma rápida e relativamente fácil de preparar o solo e conseguir produzir, mas rapidamente faz com que o solo se torne improdutivo e tenha de ser abandonado. Um dos problemas é a queima de boa parte da MO da superfície do solo e morte dos microorganismos e animais do solo, deixando esse sem a biodiversidade tão necessária a boa manutenção da fertilidade do solo.

Mais tarde irei comentar alguma coisa sobre a reportagem do Globo Rural de ontem, onde mostraram uma grande fazenda de produção de hortaliças de forma orgânica em Brasília, aqui nesse tópico mesmo, a agricultura orgânica é uma boa alternativa e vou aproveitar que a maioria de nossos usuários pode ter assistido e fazer uns comentários.
por roque
em 19 Out 2009, 07:49

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Caro Roque...
Realmente este é um tópico que todos que lidam ou tem vontade de cultivar qualquer tipo de planta deveria dar uma lida, ou melhor, várias lidas e relidas, porque é tanta informação que é difícil captar tudo que você descreve, com muita clareza... Primeiramente obrigado por dividir todo este conhecimento...

e na seqüência a minha dúvida....

Tenho no terreno da minha casa um local destinado a horta... sendo que um dos canteiros faço minha mistura de MO... lá jogo todo resto de verduras, legumes... q acabam sobrando de safrinhas, e tbm gramas, folhas da limpeza do quintal... vc comentou sobre as cinzas.... tenho um tambor de latão no canto de casa que utilizo para queimar madeiras de podas, sape do pinheiro.... e já esta bem cheio de cinzas.... minha pergunta: Devo jogar TODA esta cinza no canteiro de mistura de MO e remexer o conteúdo??

Estou começando o cultivo de pimentas... logo começarei um diário e postarei foto do meu espaço de "lazer"...

abraços
em 18 Out 2009, 21:49

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A casca de ovos e o alho devem sim ir para a compostagem. Todas as plantas necessitam de cálcio, mas melhor fonte desse nutriente é o calcário dolomitico, pois além do calcio, fornece também o magnésio. Farinha de ossos e até cinzas de madeira, melhor se nessas cinzas tiver também cinza de ossos de qualquer animal, são fontes alternativas de cálcio. A casca de ovos tem boa qtde de cálcio sim, mas sua liberação é lenta, e devemos evitar colocar materiais não compostados diretamente no solo ou ao redor das plantas. O alho em pequenas qtdes não vai afetar em nada a compostagem, pode misturar tudo e colocar na pilha!
por roque
em 21 Jul 2009, 19:14

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Olá Roque,

Bom dia!

Primeiramente, transmito-lhe minha solidariedade nos últimos acontecimentos. Já teclei bastante com nossa mãe a respeito e é chato ver como este fórum, que poderia ser um paraíso, pode às vezes transformar-se num inferno. O importante é não desanimar e, por favor, mantenha-se neste magnífico trabalho de orientação conosco.

Caso esteja em condições de responder, estas são as novidades: A embalagem do produto não vem com nenhuma das informações que você citou, mas liguei para o 0800 e eles me enviaram um documento de análise química, do qual retirei as seguintes informações:

Nitrogênio - N - 0,6%
Fósforo total - P2O5 - Pt - 0,43%
Potássio - K2O - 0,12%
Cálcio - Ca - 1,10%
Magnésio - Mg - 0,26%
Enxofre - S - 0,37%
Ferro - Fe - 3,8%
Manganês - Mn - 410,0 ppm
Cobre -Cu - 37,0 ppm
Zinco - Zn - 163,0 ppm
Boro - B - 115,0 ppm
Sódio - Na - 650,0 ppm
Matéria Orgânica - 13,97%
Cinzas - 86,03%
Umidade - 30,00%
pH - 7,4
Relaçäo C/N - 13/1
Cond.Elétrica - 2250,0 µS/cm

| GRANULOMETRIA |
Retido Pen. 4,8 mm...%» 32,30
Passa Pen. 2,8 mm...%» 60,00

Será que com isso já dá pra ter uma idéia?

Na esperança de dias melhores,
Mello Barbosa.
em 28 Jan 2009, 12:19

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Chico escreveu:Como bom Gaúcho, vou ter que fazer mais churrascos para produzir mais cinzas.


cuidado com a salinidade dessa cinza
em 03 Jan 2009, 12:16

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Está muito bom, a farinha de ossos é rica em fósforo e não precisa do superfosfato se acrescentar dela, as cinzas tem potássio e os estercos nitrogênio, os demais nutrientes também são encontrados nesses fertilizantes orgânicos, se o solo for demasiadamente argiloso, vc poderia usar 1 parte de areia bem fina peneirada, evite areia lavada, pois pode facilitar formar agregados duros, prefira solo arenoso, ou aquela "areia de rua", bem fininha, usada em construção para acabamentos.
Outra coisa, procure misturar os materiais de pequeno volume com um pouco de solo, tipo cinzas, farinha de osso, numa bacia com 5 litros de solo, vc mistura bem e depois incorpora esse 5 litros no volume de solo, jogando uniformemente pelo material todo, o esterco bovino e de aves pode ser misturado também, assim vc terá uma substrato mais homogêneo, depois de misturar deixe levemente umido e amontoe na sombra ou coloque num tambor ou outro local protegido e deixe alguns dias para que ocorram as reações químicas e o desenvolvimento dos microorganismos benéficos, verifique se depois de misturado e umedecido se a massa de substrato esquenta, se esquentar é porque algum dos estercos ou a mistura ainda não está bioestabilizada, então deixa tempo necessário para que isso ocorra. Se vc tiver disponível acrescente 0,2 ou 0,3 partes de humus de minhocas, qué rico em muitos microrganismos benéficos.
por roque
em 10 Nov 2008, 05:41

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Gostaria que alguém experiente em substratos desse uma opinião sobre o substrato que fiz. Esse usei para plantar de forma definitiva cubiu e pyssalis, mas acho que serve pra qualquer coisa. Infelizmente era sábado e não encontrei super fosfato.
Misturei 2 partes de esterco de bovinos, 0,7 parte de esterco de galinha (ambos bem curtidos), 0,3 parte de cinzas de lenha e 0,3 partes de farinha de osso, tudo isso em 4 partes de terra (aquela que puxa pra cor vermelha).
Essa foto ainda não havia misturado a terra.
por Edutaz
em 10 Nov 2008, 00:00

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Como bom Gaúcho, vou ter que fazer mais churrascos para produzir mais cinzas.
por Chico
em 11 Out 2008, 20:47

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As cinzas de madeira e carvão são um material também relativamente abundante e que apresenta uma elevada capacidade de fornecer nutrientes e também corrigir o pH do solo, promovendo uma elevação do ph de forma mais rápida que o calcário agrícola. As cinzas são o material, predominantemente inorgânico, que sobram após a queima completa de madeira e de carvão vegetal, não recomendamos a utilização de cinzas de nenhum outro tipo de material, principalmente de processos industriais, pois podem conter metais pesados e ou outras substâncias tóxicas. As melhores cinzas são aquelas de fornos a lenha, sejam caseiros ou de padarias e pizzarias. As cinzas de churrasqueiras, basicamente produzidas com carvão, seja de churrasqueiras caseiras, aquelas do churrasco de domingo, ou de churrascarias e restaurantes. Após a combustão completa de madeira ou carvão vegetal, o material que resta, denominado de cinzas constitui todos os minerais inorgãnicos e não voláteis, que ficam, na forma de óxidos ou de sais inorgânicos. Os principais constituintes das cinzas são os metais alcalino e alcalino terrosos, a maioria de minerais nutrientes de plantas, como K, Ca, Mg, Fe, Cu, Zn, Mn, etc, mas também outros, não tão benéficos, como Na e Al. Fósforo e enxofre, como outros elementos ficam na forma de sais, como fosfatos e sulfatos.
A capacidade das cinzas de elevar o pH dos solos e ou substratos, deve-se a presença em qtdes apreciáveis de óxidos de metais, tais como os óxidos de K, Na, Ca e Mg, geralmente em maiores teores, esse óxidos são de natureza básica, reagindo com água e produzindo os respectivos hidróxidos, por exemplo, CaO + H2O = Ca(OH)2, depois ocorre a dissociação desses hidróxidos, liberando os cátions, geralmente nutrientes e o ânion hidroxila, capaz de reagir com os íons H+ da solução do solo, diminuindo sua concentração e portanto tendo um efeito de elevação do valor do pH, no caso do nosso exemplo, a reação simplificada seria: Ca(OH)2 + nH2O + 2H+ = Ca++ + (n+2)H2O.
Então as cinzas além de fornecerem boas quantidades de uma série de macro e micronutrientes para o solo, tem também a capacidade de corrigir pH ácidos, e também neutralizar o alumínio tóxico, ou Al+++, num processo já descrito qdo falamos sobre a corretivos de pH.
Devido a essas ações é que se utiliza o manejo muito antigo de cortar a mata e depois de seca a biomassa vegetal, atear fogo, isso promove uma limpeza do material e ao mesmo tempo, produz boa quantidade de cinzas vegetais, numa forma rápida de liberar a grande maioria dos nutrientes existentes na vegetação de cobertura da área a ser cultivada e também promover uma elevação do pH do solo, coisa muito desejável para a instalação de culturas agrícolas. Esse manejo primitivo de queimadas tem sido hoje bastante combatido, devido aos danos ambientais, uma vez que destroi a vegetação, acarreta um risco enorme de incêndios florestais, quando a queimada extrapola área a ser cultivada e acaba se alastrando pela vegetação nativa, podendo trazer enorme destruição. Além disso, a queima da biomassa vegetal, libera enormes qtdes de gases causadores do efeito estufa, principalmente os óxidos de carbono, nitrogênio e enxofre. Além disso esses gases alé de danosos ao meio ambiente acabam empobrecendo o solo, pois levam embora nutrientes voláteis como N, S e muitos outros. Outro problema é que o calor excessivo das queimadas acabam matando a grande maioria dos micro-organismos próximos da superfície do solo, bem como destrói também a MOS, próxima da superfície, resultado, devido a disponibilização dos nutrientes das cinzas e também da elevação do pH do solo, esse se torna fértil e permite uma a duas colheitas, mas depois torna-se empobrecido rapidamente devido a degradação da MOS e diminuição da microbiota do solo, fator importantíssimo, como já discutimos muito, em vários momentos anteriores, a boa saúde do solo e manutenção de sua fertilidade.
As cinzas de produção caseira ou oriunda de fornos ou churrasqueiras de estabelecimentos como padarias e churrascarias, pode e deve ser usada como um fertilizante e corretivo alternativo para nossos cultivos, sejam domésticos e até mesmo comerciais. O único cuidado é saber a procedência das cinzas, evitando aquelas que não são obtidas unica e exclusivamente da queima de madeira e carvão de origem vegetal, sem adição de quaisquer outros materiais, de qualquer outra natureza. As cinzas de churrasqueira podem ser ainda mais ricas em nutrientes, caso sejam colocados ossos de animais para serem torrados ou calcinados, isso pode ser feito após terminar de assarmos as carnes, peixes, embutidos e outro ingredientes do nosso churrasco, podemos colocar os ossos de carnes como bistecas, costelas, as espinhas dos peixes, enfim, o material ósseo e até cartilaginoso que não serão consumidos, esse material será tostado ou dependendo da existência de brasas suficientes, calcinado, enriquecendo as cinzas com Ca, Mg, e principalmente P e N! Depois de frias as cinzas devem ser peneiradas com peneira fina e guardadas em sacos ou outro recipientes. Podem ser adicionados diretamente ao solo, no preparo de canteiros ou covas, e também podem ser adicionadas a misturas de terra e MO para enchimento de vasos e outros locais de plantio, podem ser adicionadas junto com outros ingredientes no preparo de substratos para enchimento de bandejas e sementeiras. Outra opção é adicionar as cinzas ao substrato que será fornecido as minhocas detritívoras para a produção de humus, isso pode ser extremamente benéfico para as minhocas, que apreciam substratos com pH mais elevados, próximos a neutralidade e também irá tornar o seu alimento mais rico em nutrientes, o que tornará o humus produzido bem mais rico também em nutrientes solúveis e com um pH um pouco mais elevado, características que são muito desejáveis para esse fertilizante orgânico. As cinzas, em todos esses casos, devem substituir totalmente o calcário agrícola e devem ser usadas mais ou menos, num volume entre 50 e 70% do que seria utilizado de calcário. Então esse é mais um fertilizante alternativo que pode se integrar ao nosso leque de opções na hora de fazer a adubação de nossos cultivos, sejam amadores ou profissionais.
Em seguida vamos falar sobre os fertilizantes orgãnicos mais encontrados nos comércios, que ainda não foram mencionados, a torta de mamona e a farinha de ossos.
por roque
em 11 Out 2008, 19:09

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Um material relativamente abundante, pouco usado, mas com bom potencial, são os cupinzeiros, as famosas casas de cupins, que tanta gente odeia, pela má fama dos cupins urbanos de estragar madeira, destruindo as casas e outras coisas. Na verdade existem muitos tipos de cupins, esses insetos pertencem a toda uma ORDEM, denominada ISOPTERA, literalmente "asas iguais", mas os cupins geralmente não tem asas, mas os adultoas sexualmente maduros, as aleluias, tão comuns depois de chuvas, em determinadas épocas são aldos e tem dois pares de asas + ou - identicos. Os cupins tem no seu aparelho digestivo micro-organismos simbiontes capazes de digerir a celulose, ´por isso os cupins podem se alimentar de madeira, folhas, talos, papel, e até roupas de tecidos vegetais como algodão e cânhamo. Isso os torna terríveis inimigos nas área urbanas e rurais, pois infestam casas, armazens, barracões, enfim todas as construções onde haja madeira e também papel, como as bibliotecas, que podem, literalmente ser destruidos pelos cupins. Devido a sua capacidade de conumir e digerir celulose, os cupins tem um papel importantíssimo na natureza, sendo um dos principais insetos capazes de iniciar o ataque em troncos e outras partes de vegetais de grande porte como árvores, eles comem uma parte da madeira e ao fazerem isso abrem portas de entrada para outros insetos, animais e para micro-organismos decompositores, além disso, o ninho dos cupins, na grande maioria das vezes se encontra abaixo do solo, onde escavam galerias, dessa forma os cupins, junto com as formigas, estão entre os insetos com grande parcela de participação ativa na gênese dos solos, particularmente os solos tropicais, estima-se que a biomassa vegetal, principalmente gramíneas, consumida por cupins, nas savanas africanas, e em outros ambientes, como os cerrados e até a floresta amazônica, supera em muito o consumo dos grandes herbívoros, como na áfrica, zebras, gnus, girafas, elefantes, etc.... Então a ação dos cupins como agentes atuantes na decomposição da matéria orgânica e participantes efetivos de todos os ciclos biogeoquímicos importantes, como os ciclos do carbono, nitrogênio, fósforo e muitos outros elementos é fundamental para a manutenção da sustentabilidade de vários e importantes biomas e ecossistemas. Muitos cupins são totalmente inofensivos ao homem e vivem, quase que exclusivamente abaixo do solo, alimentando-se de matéria orgânica disponível na superfície do solo, apenas uma parte dos cupins pode ser considerada danosa, construindo seus ninhos nas proximidades do homem e destruindo construções, instalações outras coisas e bens produzidos pelo homem. Bom justamente os terríveis cupins ta~po abundantes em vários locais, na verdade são contituídos, quase que única e exclusivamente pelos excrementos dos cupins, ou seja, vamos começar a olhar os cupinzeiros como uma massa de esterco seca, e portanto um fonte de MO e de nutrientes para as plantas, um bom e muito abundante fertilizante orgãnico natural.
Bom, como todo esterco, a composição desse material é função, entre outras coisas da alimentação dos cupins, basicamente madeira e outras fontes de biomassa vegetal, como talos, folhas e raízes, ao digerirem seu alimento os cupins absorvem os nutrientes e eliminam um esterco rico em MO, mas relativamente pobre em nutrientes essenciais para as plantas, devido a madeira ser um tecido vegetal, relativamente pobre em minerais, como N, K, Ca e P. Porém a digestão de folhas e raízes aumenta os teores de nutrientes, mas o importante é que os cupins podem digerir a celulose, então seu esterco apresenta um bom nivel de humificação da MO, contribuindo para aumentar o teor de MOS, quando a biomassa dos cupinzeiros é incorporada ao solo. A maneira de usar o cupinzeiro é retirar o material total ou parcialmente, triturar ou moer e acrescenta ao solo ou outro substrato. Os cupinzeiros antigos tendem a ser duros demais, mas se vc triturar bem irá obter um bom material para incorporar ao solo, e usar em canteiros e vasos. Ao eliminar parcialmente ou totalmente um cupinzeiro, rapidamente ele irá se regenerar, isso é um terror para quem quer combatê-los, isso ocorre porque aquela biomassa externa, na verdade é apenas uma parte do cupinzeiro, geralmente a rainha ou fêmea sexualmente ativa, o ninho com ovos e crias, fica em algum local muito bem protegido, geralmente bem abaixo do solo, ou em algum local onde exista alguma brecha ou buraco entre a alvenaria ou alicerce das casas e outras construções, isso torna o combate a cupins uma coisa difícil e trabalhosa. Ao cortarmos um cupinzeiro, os cupins imediatamente começam a reconstruir sua estrutura e fechar todas as portas abertas, evitando ataques de predadores, como formigas e outros animais. Esse material novo, geralmente tem uma coloração mais clara e é bem menos duro que os cupinzeiros velhos, sendo bem mais fácil de retirar, triturar e usar! Pode-se usar muito bem misturas de cupinzeiros triturados nos canteiros ou em vasos, substituindo o composto orgânicos ou uma parte do esterco de gado bovino, claro, será necessário acrescentar algum material mais rico em nutrientes como torta de mamona, farinha de ossos, estercos de aves ou bovinos, mas esse material, geralmente jogado fora, quando se fazem limpezas e se retiram os cupinzeiros, pode agora ser visto com outros olhos e começar a fazer parte do rol de fertilizantes alternativos em sua casa ou propriedade rural. Na verdade se preconiza um manejo dos cupinzeiros, retirando-se sempre parte dos cupinzeiros e assim sempre havendo material para novas retiradas periódicas. O único problema são os produtos químicos e inseticidas usados para combater cupins, inclusive óleo queimado e querosene, que tem pouca ou nenhuma ação sobre o cupinzeiro, mas provoca morte de muitos cupins e abandono da estrutura contaminada, porém os cupins irão construir outra, geralmente nas proximidades. Esses cupinzeiros "tratados" com produtos tóxicos ou pesticidas, não devem ser usados como fertilizante orgânico alternativo, só utilize material que vc tem certeza de não estar contaminado.
A seguir iremos falar sobre cinzas de madeira, um material com propriedades de fertilizante e de corretivo do pH dos solos e de outros substratos, inclusive, para substratos produzidos artezamalmente para enchimento de bandejas ou sementeiras!
por roque
em 11 Out 2008, 09:59

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Sobre a bioestabilização ou compostagem já existe um material razoável colocado aqui:

"Como produzir bifertilizante sólido" em:
viewtopic.php?f=4&t=2951

Então não vou falar tanto do processo em sí, mas colocarei algumas observações pertinentes aos estercos frescos ou verdes.
Como vimos o esterco bovino pode ser coletado puro ou misturado com restos de alimento, como silagem ou ração, o de aves, geralmente com o material da cama. Esse material verde, cru, tem uma boa carga de microorganismos decompositores, ideais para servir de fonte de inóculo a um bom processo de compostagem, se vc tiver esterco bovino e não tiver nenhum outro material para compostar, pode fazer um monte com o esterco puro e proceder da forma como está mais ou menos colocada no post referenciado. O esterco bovino tem uma relação C/N que permite sua bioestabilização sem muitas perdas e sem exalar mau cheiro, o ideal é manter esse material puro, cerca de 30 dias em compostagem ou cura, antes da bioestabilização. O ponto ideal de bioestabilização, onde o material já pode ser usado como fertilizante é o momento em que umido e após revirado, a massa de material não esquenta mais. Com a reviragem, o material é aerado e o oxigênio promove um ambiente favorável a decomposição aeróbica, com intensa atividade metabólica e consequente aumento da temperatura. Se o material já foi bem decomposto e a MO já parcialmente digerida e ou assimilada pela biomassa de microorganismos, o material não mais irá sofrer uma intensa ação microbiológica e deixa de esquentar algum tempo depois de uma reviragem, com introdução de ar fresco no material em compostagem.
Se ouver algum magterial fibroso, desde que não tenha uma relação C/N muito elevada como serragem e alguns tipos de palhas vegetais, pode-se usar um proporção de até 30% de esterco e 70% de matéria orgânica vegetal fresca. O melhor materila para essa compostagem são sobras de gframa e folhas. Mas veja o esterco bovino puro demora cerca de 20 a 30 dias para atingir a bioestabilização, depois de coletado, com adição de outros materiais o tempo vai aumentando em função do tipo de material e da sua quantidade relativa, por exemplo, 50% grama + 50% esterco, bem misturados e com reviragens semanais ou cada 3 ou 4 dias, teremos o composto entre 40 e 60 dias, dependendo de umidade e temperatura. Se forem utilizadas além de grama folhas secas e serragem de madeira, o tempo aumenta para 90, 120 e se houver muita serragem, tipo 30% de esterco e 70% serragem, até 180 dias. Então misturar outros materiais na cura do esterco bovino ajumenta o volume de fertilizante, mas também aumenta o tempo de compostagem desse material, o ideal é ter diferentes materiais em diferentes processos de compostagem ou seja, esterco puro para uso rápido e misturas para uso mais tardio, lógico que isso depende da disponibilidade e do manejo que se deseja.
No caso da cama de frango, a compostagem pe quase obrigatória, devido a baixa relação C/N do esterco de aves, sua putrefação é muito rápida e tem uma capacidade enorme de exalar odores indesejáveis, como vimos, H2S, NH3 e outros compostos nitrogenados e ainda compostos oxigenados como ácidos, ésteres, cetonas, etc.... Esses gases além de macheirosos, atraem moscas e outros insetos, e promovem perdas de nutrientes, principalmente nitrogênio e enxofre.
A cama de frango deve ser comprada já bioestabilizada, mas geralmente se vende seca, como já "pronta" para uso, mas se você umedecer e amontoar, quase q com certeza irá haver aquecimento no meio da massa e logo haverá emissão de odor pútrido, numa demonstração de que o produto ainda não está bioestabilizado e se for usado assim poderá trazer problemas as plantas, como já comentamos anteriormente nesse post mesmo. O ideal é compostar essa cama com algo em torno de no mínimo 30 a 50% de outro mateiral, o melhor mesmo são podas de grama fresca ou seca e folhas secas.
Raramente se faz isso, geralmente se deixa o material dentro do saco e ao ser umedecido fica aquele cheiro horrível, o que leva muitas pessoas a deixar de usar a cama de frango ou outras formas de esterco de aves, devido a esses incovenientes, mas é uma material de fácil aquisição e abundante onde existem granjas de aves. Outro equívoco é que o esterco de aves queima as plantas e sua utilização tem de ser feita com cuidado ou por quem sabe, isso decorre do fato de ser um material com relação C/N baixa, e geralmente utilizado sem estar bioestabilizado, de forma indevida se adiciona o esterco verde aos plantios e os problemas ocorrem devido a falatde uma manejo adequado dessa rica fonte de MO.
Vamos falar na sequência de fertilizantes e corretivos alternativos, como cupinzeiros, cinzas e outros materiais.
por roque
em 08 Out 2008, 10:38

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Corretivos de pH

Bem como já vimos a realidade de nossos solos tropicais é possuir um pH ácido, entre 3,5 e 5,0, na sua grande maioria, embora possamos ter exceções. Alguns solos da região sul, mais precisamente na faixa de cerca da metade sul do Paraná até o Rio Grande do Sul, existem áreas de solos muito bons, alguns típicos de clima temperado, onde o pH é um pouco acima da média do resto do país, inclusive em muitas dessas áreas o cálculo de calagem usa algumas regras e fórmulas diferenciadas, podendo em geral, demandando metade da quantidade de calcário exigida por área, para correção do pH, além disso o efeito da calagem tende a ser mais duradouro, mas como dissemos isso é exceção e não a regra.
Bem calagem é o termo usado a incorporação ou adição de calcário agrícola com a finalidade de aumentar o pH do solo para um valor próximo ou entre aquele que citamos como “ideal”, ou seja, entre 6,0 e 6,5. O calcário é o corretivo de pH mais usado, porém não é o único, temos a cal agrícola e também podemos usar alguns resíduos industriais como corretivos. Para ser considerado corretivo, o material deve ter a capacidade de liberar os ânions hidroxila (OH-), carbonato (CO3-) ou carbonato ácido também denominado de bicarbonato (HCO3-). A hidroxila reage com o H+, produzindo água: H+ + HO- = H2O.
O carbonato ou bicarbonato, irão reagir também com o H+, formando ácido carbônico, que é instável e acaba se convertendo em CO2 e H2O, então esses ânions, tem a capacidade de retirar H+ do meio, ou produzindo água, ou produzindo água e CO2, um gás que acaba escapando p/atmosfera. Bem outras substâncias podem ser usadas com a mesma finalidade, porém apresentam custos elevados, incompatíveis com a atividade agrícola, ou apresentam toxicidade, tem elevada capacidade corrosiva, e ainda podem alterar bruscamente o pH, sendo de difícil aplicação e controle. Como uma alternativa bastante viável em pequena escala, temos as cinzas de madeira, que podem ser obtidas em fornos e fogões caseiros ou de padarias e pizzarias, nas churrasqueiras de fim de semana ou de restaurantes, falaremos disso quando abordarmos fertilizantes e corretivos orgânicos ou alternativos, num tópico futuro, senão nos afastamos muito do foco desse momento.
O que é calcário agrícola? Bem de maneira simples, o calcário é rocha calcária moída. Essa rocha pode apresentar vários minérios diferentes e também em diferentes proporções. De um modo geral esses minérios apresentam os óxidos e carbonatos de Cálcio (Ca) e Magnésio (Mg), como componentes químicos principais. Então dependendo da rocha de origem, existem calcários de vários tipos, mas classificamos, basicamente em três grupos, apesar de um deles ser muito raro no Brasil, eu mesmo nunca vi, nem encontrei p/comprar, são eles: CALCÍTICO, DOLOMÍTICO e MAGNESIANO, bom só pelo nome se pode ter uma idéia da composição, certo? O calcítico é obtido de rocha calcária onde predomina a CALCITA ou carbonato de cálcio quase puro, então esse calcário tem ação quase que exclusiva baseada na capacidade do CaCO3 de reagir com o H+, então serve muito bem p/corrigir o pH. Acontece que além de corrigir o pH a calagem também é uma maneira barata e fácil de fornecer Ca e Mg para a nutrição das plantas, dois elementos muito importantes para a fisiologia vegetal, o Ca, muito relacionado a composição da parede celular e de outras estruturas, sendo importantíssimo para as raízes. O Mg tem grande importância devido a ser um dos elementos constituintes da molécula de clorofila, fundamental para a fotossíntese. Por isso, quando possível é interessante utilizar o calcário agrícola dolomítico, onde o mineral existente em maior quantidade na rocha calcária de origem é a DOLOMITA, que apresenta tanto carbonato de cálcio, quanto carbonato de magnésio, em proporção muito boa, próxima da relação Ca/Mg recomendada. Finalmente temos o calcário magnesiano, muito raro no Brasil, onde a rocha de origem é rica em minérios constituídos de alto teor de Mg, seria indicado para solos muito pobres em Mg, mas que já apresentam teores bons de Ca. Notem que utilizo o termo calcário agrícola, porque isso quer dizer que a rocha moída pode ser usada como corretivo para plantas, sendo isenta de contaminantes como metais pesados, pois o calcário pode ser usado para produzir cal e cimento, mas nesse caso pode ter alguns contaminantes a mais que para uso agrícola, mesma coisa para a cal, tanto virgem (Cão), quanto hidratada (Ca(OH)2), que também pode ser usada como corretivo de solos, e para preparo de defensivos como a calda bordalesa, se o material não traz essa inscriçãocal p/uso agrícola, ou diz ser para uso em construção ou caiação, não se tem garantias de que não apresenta contaminantes, pouca gente sabe disso, inclusive, nas lojas de produtos agropecuários se vende qualquer tipo, mas isso não é o adequado, mas como ninguém controla isso, fazer o que?
A dolomita e a calcita também são vendidas “puras”, para uso em aquários e como aditivos para rações animais, fontes de Ca e Mg, alem do carbonato de cálcio, usado p/banho seco que a chinchilas gostam. Pode-se usar esses produtos em vasos, mas são caríssimos, as vezes com o valor de 1Kg desses produtos que podem ser comprados em Pets, se pode comprar um saco com 25 ou 40Kg de calcário dolomítico!
Agora vem o que interessa, como fazer calagem! Como vcs já devem estar imaginando, não é coisa tão simples como parece, porém deve ser rotina nas práticas agrícolas, então se usa muita aproximação e bom senso nessa atividade de fazer a calagem. Inicialmente, a técnica recomenda uma análise de solo, onde o resultado irá nos apresentar alguns parâmetros fundamentais, como pH, teor de nutrientes básicos, saturação de bases, teor de alumínio tóxico, etc..... Muito poucas pessoas são capazes de interpretar um resultado de análise de solos, mas não vamos entrar nesse mérito. Outra coisa fundamental, é que a amostragem de solo tem de ser muito bem feita para ser representativa da área a ser empregada, torna-se necessário utilizar uma técnica de coleta de amostra simples ou composta aleatória, essa amostra é enviada a laboratório de análise de solos. Nas EMBRAPAS, UNIVERSIDADES, e muitos outros locais de serviço público ou pesquisa são feitas essas análises, por preços até bem razoáveis. Para quem quer produzir em áreas maiores que 200m2, eu já recomendo, principalmente se for para fim comercial. Em cultivos domésticos e ou não comerciais, se for possível, muito bem, mas eu não acho necessário, porque o volume de recursos não compensa, além disso podemos fazer uma calagem básica, sem maiores cálculos. Quem vai trabalhar áreas grandes, comercialmente, daí antes de mais nada, tem de procurar onde vai fazer a análise e verificar como proceder amostragem e como encaminhar o material, certo? De posse do resultado, consultar técnico agrícola ou agrônomo, de preferência de sua região, de algum órgão de extensão rural, pesquisa, apoio a produção, etc. Esse profissional irá fazer a análise dos parâmetros e calcular as quantidades de calcário e adubos para sua propriedade, como se fosse uma consulta médica, faz uma anaminese, verifica o resultado dos exames e prescreve os medicamentos certos na dose adequada. Acho que isso não é muito a realidade da maioria dos foristas aqui, a não ser os nossos grandes produtores, então vamos dar uma recita básica, com algum fundamento técnico, coisa aproximada, mas é a que eu utilizo, com razoável sucesso. Claro, já coloquei isso em algum post meu, mas vou repetir, procurando detalhar mais.
Inicialmente o solo não é homogêneo desde a superfície até maiores profundidades. Então para facilitar muita coisa criou-se o conceito de horizontes do solo, ou seja, o perfil do solo é dividido em horizontes, que simplificando são faixas ou camadas de espessura variada, com algumas caricterísticas diferentes. Para verificarmos isso é necessário cavar uma trincheira, em forma de meia cunha, tipo uma rampa, com a parte mais funda, entre 1,0 a 1,5m, nessa “parede”, podemos visualizar os horizontes e estudá-los, esse procedimento em propriedades rurais com produção agrícola, também deveria ser rotina, mas só vi isso na universidade, para pesquisa ou ensino, e em aulas ou dias de campo, ou demonstrações em alguma atividade mais técnica. Bem o que interessa é que a primeira camada, denominada horizonte A, tem uam espessura que varia entre 5 a 15cm, depois temos zonas de transição denominadas de AB e BA, para chegarmos então no horizonte B, isso varia muito de local para local e de tipo de solo, aliás essa verificação junto com análise de solo e outras informações serve para a classificação correta e científica do tipo de solo. Bem as plantas, principalmente hortaliças tem raízes que atingem profundidades entre os horizontes A e B, muitas atingindo a faixa AB, outras até a BA, e algumas chegam no horizonte B. Porém o que interessa mesmo é a profundidade desses horizontes, porque a MO, nutrientes e pH, além da atividade microbiológica, todos parâmetros muito importantes devem ser considerados com maior ênfase, nas profundidade alcançadas pelas raízes das plantas que estamos cultivando. Então costuma-se dividir as análise de solo em faixas de 0 a 20cm, de 20 a 40cm e até 40 a 60cm, embora essa última, raríssima, e a segunda muito pouco utilizada, mais importante talvez para fruticultura. A grande maioria das análises é feita considerando os 20cm iniciais, onde devem estar contidos o horizonte A e a faixa AB, nessa zona existe maiores teores de nutrientes, MO e o pH é o mais importante, pois nessa profundidade TODAS as plantas lançam raízes absorventes, aquelas raizinhas, finas, parecendo uma “cabeleira”, essa raízes absorvem quase todos os nutrientes e boa parte d’água que as plantas retiram do solo. Claro, algumas plantas lançam raízes profundas, penetrando vários metros no solo, mas essas raízes absorvem poucos nutrientes, embora o façam, sendo mais importantes na absorção d’água. Bem tudo isso para dizer que os cálculos de calagem e também de adubação, levam em conta apenas esses 20cm, mas é bom ter essa noção, mais tarde quando falarmos de adubação e como preparar covas e canteiros, isso será útil.
Voltando a calagem, sem ter análise de solo, podemos ter uma boa margem de acerto, sabendo que no Brasil, na região sul, a coisa varia de zero a umas 2 ou 3 toneladas (ton = 1000Kg) de calcário por hectare (ha = 10.000m2), isso varia muito, de local e tipo de solo, mas no resto do país varia dos 3 a 6 ton/ha, com uma “média” de umas 4 ton/ha. Isso tudo muito aproximado, o que estamos fazendo é tipo um chute calculado, certo! Vamos lá, a coisa mesmo na aproximação não é tão fácil, se fosse com análise de solo e levando em conta a necessidade da cultura, seria muito, mas muito mais complicado, com umas fórmulas matemáticas, que a grande maioria aqui não ia nem querer ver!
Bem, 1 ha = 10.000m2, como estamos levando em conta os 20cm, ou 0,2m iniciais de profundidade, temos: 10.000m2 x 0,2m = 2.000m3, pode-se usar aproximadamente esse volume em massa fazendo uma relação de que 1 litro de solo tem 1Kg de massa, embora isso seja aproximado, mas iremos usar volume, porque isso facilita, na hora de misturar ingredientes para formular um substrato de enchimento para vasos, floreiras ou cateiros.
Bom, então temos nossa “média” nacional, do sul p/cima, de 4 ton/ha logo:
4.000 Kg de calcário agrícola em 2.000 m3 de solo, para calagem média da camada de 0 a 20cm do solo a ser cultivado. Então, podemos fazer várias relações:
4.000 Kg de calcário agrícola em 2.000 m3
4. Kg de calcário agrícola em 2. m3
4. Kg de calcário agrícola em 2.000 litros
2. Kg de calcário agrícola em 1.000 litros
0,2. Kg de calcário agrícola em 100 litros
200g de calcário agrícola em 100 litros
Fui devagar p/todos acompanharem o que eu fiz, certo? Quem tem mais raciocínio matemático deve ter achado exagero!
Bem como a maioria também pode ter alguma dificuldade de pesar em casa o calcário, pode-se usar um copo de 200ml, mas dependendo do calcário, isso varia muito, e também da umidade, melhor usar um copo descartável de 300ml, aquele p/chopp, que é isso aí que eu faço também. Então vc usa esses 300ml de calcário agrícola para 100 litros de mistura, que pode ser terra (solo), areia, MO (esterco, húmus, etc) e adubos, mais ou menos essa “fórmula” que já coloquei em alguns de meus posts.
Pode-se fazer algo semelhante com uma relação em área, daí temos:
4.000 Kg de calcário agrícola em 10.000 m2
4. Kg de calcário agrícola em 10 m2
0,4 Kg de calcário agrícola em 1 m2
400g de calcário agrícola em 1 m2 de solo a ser corrigido, utilizando a mesma prática preconizada acima, arredondamos para 500 ml ou ½ litro por m2, bem simples e prático, vc lança essa calcário na área a ser corrigida, tipo um canteiro de 2m2, 1 litro de calcário, daí com uma enxada ou enxadão, revolve bem esse solo e pronto, agora tanto na mistura para enchimento de vasos, canteiros, floreiras, etc, quanto na terra, para plantio direto ou fazer canteiros, o correto mesmo é proceder a calagem 60 a 90 dias antes do plantio, isso, é necessário para dar tempo que o calcário possa reagir aumentando pH e eliminando o Alumino tóxico. Esse reação se estende por muito tempo até anos, uma calagem bem feita pode corrigir o pH até por 3, 4, 5 anos! A velocidade de reação é influenciada por alguns fatores de qualidade do calcário, principalmente tamanho das partículas, e também composição da rocha de origem. Por hoje já está bom, outro dia continuamos!
por roque
em 17 Jul 2008, 10:54

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Re: Solos e substratos, adubos e fertilizantes.

Mensagempor roque em 29 Ago 2008, 11:40
Como é o solo do seu quintal, mas argiloso ou arenoso?
Tem ou tinha alguma coisa plantada, tem muita matéria orgânica?
Se tiver qualquer coisa plantada coloque fotos, das plantas e do solo, geralmente na grande maioria do país os solos são ácidos e sempre necessitam de alguma correção, mas vamos esperar suas informações e fotos se possível! ;)
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Re: Solos e substratos, adubos e fertilizantes.

Mensagempor roque em 01 Set 2008, 08:32
As correções nos cálculos já foram efetuadas, estão em negrito, por favor quem já leu anteriormente dê uma olhada!
Essa semana vou retomar a postagem de mais textos, vou encerrar a parte de adubação química e entrar nos fertilizantes orgânicos!
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Fósforo - adubação

Mensagempor roque em 05 Set 2008, 23:41
A fonte de fósforo mais comum é um mineral de rocha denominada apatita, existem vários tipos de apatitas, e o teor de fósforo varia muito nas rochas fosfatadas. Existem poucas fontes naturais de fósforo, inclusive se tem uma estimativa que no atual consumo as reservas desse mineral devem durar mais uns 500 anos, parece muito, mas levando-se em conta q a grande maioria do fósforo aplicado na agricultura é muito pouco reciclado, sendo perdido, por complexar-se ou ligar-se irreversivelmente e também por ser removido por diversas maeiras acabando sobretudo nos oceanos, onde sua recuperação é, praticamente, inviável! Existem rochas fosfatadas no oriente médio, de Israel se importa o ARAD, roxa fosfatada moída ou fosfato natural, temos aqui no Brasil o fosfato natural de ARAXÁ. Para a produção de adubos fosfatados, principalmente os superfostos, simples e triplo, essa rocha fosfatada sofre processos industriais, principalmente ataque ácido e mistura com outros minerais como o gesso. Os superfosfatos compões o P dos NPK, sendo a diferença entre o simples e o triplo, que o primeiro tem cerca de 20% de P, e possui Ca e S, também, devido a mistura de gesso na sua fabricação, e o triplo, possui apenas P e num teor, geralmente pouco acima 40%. Como já dissemos o P sofre muitos processos de perda e sua disponibilidade na solução do solo na forma de fosfatos solúveis depende de uma série de fatores!
As adubações fosfatadas devem ser feitas na sua totalidade próximo do plantio, na cova ou nas linhas e canteiros, se forem usados os superfosfatos, pois esses são altamente solúveis e se forem incorporados ao solo muito tempo antes do cultivo, boa parte dos fosfatos liberados serão perdidos! Se a adubação for feita com rocha fosfatada ou fosfato natural, deve-se incorporar esse adubo com no mínimo 30 dias antes do cultivo, pois sua liberação é mais lenta, porém gradual, o q é muito bom para as plantas! O ideal seria fazer uma adubação fosfatada mista com 50% a base de fosfato natural e os outros 50% com um superfosfato, sendo o simples mais recomendado em muitos casos, por ser mais barato e por fornecer Ca e S também! existem fontes alternativas de P, principalmente a MO e fertilizantes naturais ou orgânicos, como a farinha de ossos, mas isso discutiremos em outra oportunidade.
Então, digamos que em nosso exemplo a qtde de P a ser aplicada, indicada na circular técnica seria de 80Kg de P/ha, nesse caso, para os adubos exemplificados, com exceção da uréia, q não possui P, nos dois NPKs, tanto 4-14-8 como o 10-10-10 os valores a serem utilizados seriam exatamente iguais aos exemplificados para K.
O NPK 4-14-8, nesse caso continuaria se mostrando extremamente vantajoso, mas notem que no caso do P, como esse adubo tem um valor bem maior de P, aplicando a dose usada com base no N e K, a dose de P seria maior que a recomendação, mas isso não tem maiores problemas pois uma adubação de fósforo poder ser mais alta mesmo, uma vez que a perda desse mineral é muito elevada e uma das técnicas de adubação de longo prazo é justamente aplicar qtdes elevadas de P a fim de saturar os sítios de fixação desse elemento no solo, diminuindo a taxa de perda desse mineral em adubações posteriores.
Não vamos efetuar a demonstração dos cálculos porque isso já foi bastante explorado e agora fica fácil fazer o cálculo dessa adubação, ou de qualquer outra!

Concluindo então a parte de adubação química, começaremos a falar de adubação orgânica, adubos alternativos e orgânicos!
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adubos e fertilizantes orgânicos e alternativos

Mensagempor roque em 06 Set 2008, 22:44
Bem terminada a parte de introdução, solos, substratos e adubação química, na sequência vamos falar alguma coisa sobre adubação orgânica e uso de adubos e corretivos alternativos, assunto no qual, modéstia a parte tenho um pouquinho mais de conhecimento! :)

Qdo era menino, cultivavamos sempre horta em casa, e o único adubo usado era esterco bovino, moravamos a uns 300 ou 400m do início da área rural do município, e eu ia com colegas coletar esterco de gado no pasto, pegávamos o material seco e colocávamos num saco, levava para casa e minha mãe fazia o seguinte, colocava o esterco seco entre as mudas transplantadas de alface, almeirão, escarola, que chamávamos de chicória, couve, etc. Raramente meu pai comprava algum fertilizante para adubação foliar, uma vez ou outra, coisa pouca uréia, mas isso era exceção, meu pai experimentando. Naquele solo vermelho típico do oeste paulista colhíamos muitas verduras, dava até para vender o excedente, e até dar para nossos frangos e coelhos!
Bem desde essa época, lá pelos idos de 1976 ou 77, não lembro mais, já aprendia, uma maneira simples, mas muito boa de fazer uma adubação orgânica, aquele esterco ia com a irrigação a esguicho de mangueira se desfazendo, e nós entre as limpezas dos canteiros íamos desfazendo com as mãos o esterco, por fim ficava uma camada de esterco na superfície do canteiro, com a colheita dos vegetais, o canteiro era revolvido e o esterco incorporado, novo replantio, nova cobertura com esterco seco e o cultivo de hortaliças continuava! Vou divagar um pouco, vejam que interessante, se minha mãe não tivesse me ensinado a plantar com 8, 9, 10 anos, talvez eu não tivesse hoje essa minha vontade de plantar e prazer em colher e comer os frutos! Tenho um filho de 2 anos a alguns meses, qdo pode, solto no quintal ou rua, logo quer mexer com a terra, gosta de areia, terra, pedrinhas, água e lama, plantas e bichos, fico vendo essa tendência natural e imaginando ele daqui uns anos mexendo nos canteiros comigo, tenho uma vontade louca de ensinar logo a ele tudo que sei e aprendi desde a infância, e deixo uma mensagem a todos que gostam de mexer com a terra e com plantas, ensinem seus filhos e filhas a plantar, tenham paciência e compreensão com os pequenos, não briguem com eles se por acaso arrancarem alguma pimenteira ou fizerem alguma estrepulia, tenham calma e convercem, ensinem, pois sou um exemplo de que se ensinarmos aos nossos filhos o valor de se mecher com a terra, plantar, cuidar de plantas e animais, teremos pessoas melhores no futuro, e um ambiente mais preservado e saudável! Depois desse meu relato, que algumas vezes me deixa com lágrimas nos olhos, vamos ao que interessa! Bem chega de tra-la-lá!

Os fertilizantes orgânicos ou naturais, termos que fazem coisa de uns 20 anos que vem surgindo como jargões, na realidade sempre foram os mais utilizados, se retrocedermos ao início do século passado, até a década de 30 ou 40, muito pouco se usava além de estercos, palhas, guano e outros fertilizantes naturais. Com a descoberta da moderna agroquímica, dos minerais essenciais e da maneira como ocorre a nutrição vegetal, teve início a utilização de fertilizantes químicos, com consequente abandono das técnicas tradicionais de fertilização das culturas. No Brasil, se usava a terra virgem, depois da derrubada e queimada, por alguns anos com as monoculturas tradicionais, como cana e café, depois de esgotada a fertilidade do solo, se abandonava o cultivo, aquela terra virava pasto para o gado, e se procurava novas áreas de mata nativa para novos cultivos. Isso ainda ocorre hoje em dia, nas chamadas fronteiras agrícolas, as margens da floresta amazônica, cerrado, pantanal, e nos últimos resquicios de mata atlântica, quase da mesma maneira que séculos atrás, com a diferença que hoje as monoculturas são a soja, o milho e a cana! ;( ;( ;(
Então com a chamada REVOLUÇÃO VERDE um conjunto de técnicas que associavam uso de fertilizantes e defensivos químicos, predominantemente baseados na indústria petroquímica em recente ascensão, emprego de máquinas e implementos agrícolas e uso de sementes de cultivares e plantas híbridas obtidos dos primeiros programas de melhoramento genético vegetal. Isso ocasionou um salto de produtividade excepcional, a produção começou a subir muito, mas como consequencia o uso de agroquícos também. Isso provocou o quase abandono do uso dos adubos e fertilizante naturais, a ponto de eles se tornarem coisa obsoleta e ultrapassada, até hoje, muitas escolas de agronomia, não tem em seus currículos escolares matérias direcionadas a adubação orgânica e ao manejo da Matéria Orgãnica do Solo (MOS), quando muito matérias optativas, sem muita abrangência, claro, atualmente a coisa começa a mudar, mas a base do que se ensina na academia é a adubação química, resultado disso, a maioria dos agrônomos tem mais facilidade em lidar com os NPKs que com fertilizantes orgâncios e adubos e corretivos naturais e alternativos!
Amanhã ou depois iniciaremos de verdade falando alguma coisa sobre a MOS, tenho de revisar tudo q já coloquei aqui nesse post e nos outros, assim posso aprimorar e postar coisas novas e mais abrangentes, até agora foi só uma breve introdução a esse tema que iremos discutir muito, e é sem dúvida muito importante no cultivo de hortaliças! ;)
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Matéria Orgânica do Solo (MOS)

Mensagempor roque em 13 Set 2008, 21:05
Bem vamos revisar um pouco sobre esse assunto!
A Matéria Orgânica do Solo (MOS), é a fração composta por substâncias orgãnicas de todo tipo, podemos dizer que o solo tem uma matriz sólida composta de duas frações bem distintas a Inorgânica, composta pelos argilominerais, areias, fragmentos de rocha, minerais, sais, óxidos metálicos, etc...., e Orgânica, que pode ser subdividida em duas frações bem distintas: Matéria Orgânica VIVA e Matéria Orgânica inerte ou morta. Aqui cabe um parentesis, quando a maioria dos livros fala sobre MOS, deixa quase explicito se tratar apenas de substâncias orgânicas inertes, sem vida, como se a MOS fosse apenas mais um componente químico do solo, isso é um ledo engano, pois boa parte da MOS é composta de matéria viva, principalmente microorganismos, dentre os quais bactéris e fungos compõe a grande parte da biomassa, porém existe uma vasta pedofauna e pedoflora, compondo a matéria orgânica viva do solo. Protozoários, algas, liquens, ácaros, nematóides e outros vermes, Minhocas, insetos, etc..... Claro alguns animais como insetos e suas larvas e minhocas, por serem seres macroscópicos, são fáceis de perceber, mas uma miríade de microorganismos habitam o solo, compondo uma parte fundamental de vários processos relacionados ao solo, desde a sua gênese, estrutura, coloração e fertilidade. Os microorganismos participam ativamente dos ciclos biogeoquímicos, atuando nos elementos químicos de forma intensa, principalmente nos CHONPS e em vários outros de fundamental importância para a vida terrestre como Ca, Mg, K e muitos outros.
Estou colocando isso porque temos sempre que lembrar que esse componente vivo do solo tem de ser manejado de forma correta para um perfeito equilíbrio das relações solo/planta, na realidade, poderíamos dizer, que as relações são, mais propriamente microorganismos/solo/planta, tal a importância da biomassa de micoorganismos na fertilidade do solo!
Bem, a MOS inerte é toda e qualquer molécula de natureza orgânica desprovida de vida, sendo composta de restos de animais, plantas e micoorganismos mortos depoistados na superfície e ou incorporados no solo. Alguns autores consideram a MOS apenas a matéria orgânica incorporada, ou seja, aquela integrada a massa do solo, mas toda matéria orgãnica depositada na superfície do solo acaba sendo incorporada ao solo por ação da pedofauna, umm exemplo, a liteira ou aquele amontoado de folhas e outros resíduos vegetais encontrados na superfíe do solo de florestas, sofre ação de inúmeros organismos, insetos, ácaros, moluscos, minhocas e microorganismos.
Insetos como formigas e cupins, bem como minhocas e outros animais levam partes dessa biomassa vegetal ou animal morta, da superfície para o interior do solo, num processo natural de incorporação da matéria orgânica no solo!
Os animais como insetos, moluscos, ácaros e minhocas fazem a fragmentação primária da matéria orgânica, alimentando-se de partes desse material e deixandos resíduos menores como sobras e emitindo excrementos, esse material fragmentado ou já digerido e excretado pode sofrer uma ação mais intensa dos micoorganismos do solo, que promovem uma série de reações bioquímicas em seu metabolismo, quebrando as macromoléculas compnentes da matéria orgânica, em moléculas menores. Por exemplo, proteínas em aminoácidos, celulose e amido em glicose, triglicerídeos em ácidos graxos e glicerol, etc... Essas moléculas menores são, fundamentalmente utilizadas como alimento, fontes de carbono, neitrogênio e outos elementes essenciais e energia, então uma parte dessa matéria orgânica é fixada na biomassa viva dos microorganismos e outra parte é liberada na forma de excretas, moléculas de dufícil decomposição e também na forma de CO2, oriundo do metabolismo celular aeróbico. Essa matéria orgânica processada por diversos animais e posteriormente por micoorganismos, vai compor a MOS em sua forma mais importante para nós os ácidos fúlvico, húmico e a humina, componentes do que denominamos fração humica do solo, na verdadfe coposta pelas moléculas processadas pelos microorganismos e exctretadas, que se juntam, formando complexas macromoléculas difíceis de serem assimiladas e ou metabolisada por outros microorganismos, mas passível de ser oxidada. Nesse processo todo de decomposição da MO, também saõ liberados íons minerais, importantíssimos, pois podem ser absorviods pelas raízes das plantas, entre eles todos os minerais essenciais. Dessa forma ocorre a reciclagem de todos os elementos químicos existentes na matéria orgânica viva, composta por toda a biodiverisdade existente na terra.
Cansei de digitar! :P :P :P
Amanhã ou depois continuamos! 8)
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Re: Solos e substratos, adubos e fertilizantes.

Mensagempor Jordan V. Trindade em 15 Set 2008, 11:55
Roque, parabéns pelo ensinamento, gostei muito da forma de vc comunicar, pois muitas pessoas, assim como eu somos leigos no assunto e da forma escrita por ti ficou muito bem claro. parabéns.
Deixe-me fazer uma pergunta: a cal usada para tanto para rebouco de parede e caiação pode ser usada para tirar a acidez do solo?

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Re: Solos e substratos, adubos e fertilizantes.

Mensagempor roque em 15 Set 2008, 12:33
Não é o ideal, a cal de caiação é hidróxido de cálcio, e tem uma ação maior em elevar o pH em relação ao calcário, exste a cal para fins agrícolas, essa pode ser usada em pH mito baixos, mas a cal para consgtruções e caições, não tem garantia de prueza em relação a contaminantes tóxico, certo? prefira o calcário, que é só rocha calcária moida sem aditivos ou contaminantes, é bem mais seguro e o calcário é relativamente barato!
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Re: Solos e substratos, adubos e fertilizantes.

Mensagempor Chico em 19 Set 2008, 12:00
Gostaria de saber se alguém pode me indicar onde eu acho algum artigo(s), sobre a utilização de soro de leite para a produção de biofertilizantes e até mesmo como defensivo. Já li alguma coisa sobre a sua utilização para o combate da tripes e até de ácaros.
Como temos um pequeno laticínio na propriedade, gostaria de utilizar este subproduto, até mesmo para não descarta-lo simplesmente.

Também tenho na propriedade 2 árvores de neem, e vi que em algumas fórmulas de compostos orgânicos existe a recomendação para colocar certa quantidade de folhas verdes, se estas folhas fossem de neem, este composto talvez servisse também como inseticida orgânico.

Se alguém aqui puder me esclarecer sobre estas dúvidas eu agradeceria.
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Re: Solos e substratos, adubos e fertilizantes.

Mensagempor roque em 19 Set 2008, 12:42
Olhe, o soro de leite é muito rico em diversos nutrientes, e pode ser utilizado na produção de biofertilizante líquido ou sólido, aqui nesses posts, já disponibilizei algumas maneiras de fazer esses fertilizantes:

"Produção de biofertilizantes líquidos e adubação foliar" em:
viewtopic.php?f=4&t=2665

"Como produzir bifertilizante sólido" em:
viewtopic.php?f=4&t=2951

São apenas sugestões, mas se vc quiser pode substiruir parte da água utilizada nesses processo pelo soro de leite, por exemplo, no caso do biofertilizante líquido, se vc for fazer numtambor de 200litros, pode utilizar cerca de 1,4 a 1/3 desse volume de soro de leite, ou seja, num tambor de 200 litros, utiliza-se um volume útil de cerca de 180 litors, então, nesse caso vc poderia usar entre 45 litros a 60 litros de soro de leite em substituição a água, que seria utilizada. Isso de forma empírica, não conheço trabalhos publicados com esse material para esse fim. É uma sugestão minha, sem maiores conhecimentos científicos, certo? Mas não vejo razão nen huma que pudece ser impeditiva dessa utilização.
No biofertilizante sólido, pode-se usar o mesmo raciocínio, ou seja, substituir parte da água usada para umedecer os materiais pelo soro de leite, para evitar perdas, se deve utilizar um tambor aberto, pode ser desses de 60 ou 200 litros, apar colocar o mateiral seco, seja palha, fibra triturada, esterco seco, grama seca, etc...., e colocar o soro de leite para umedecer o material, deixa-se 1 a 2 dias depois retira-se o material umido e se adiciona a pilha de compostagem, depois nos reviramentos da pilha para aeração pode-se adicionar perquenas quantidades de soro de leite, assim não se perde o material, pois em pequenas porções pode ser absorvido totalmente pela massa em compostagem.

quanto as folhas de neen, podem ser utilizadas com folhas de qualquer planta, mas provavelmente, n um processo de compostagem bem conduzido, provavelmente o princípio ativo do neen, será metabolizado, total. ou parcialmente pelos microorganismos decompositores, durante o processo de compostagem, uma vez que são compostos osrgânicos biodegradáveis, restando sempre um pouco desses princípios, porém se o composto orgânico terá alguma ação posterior, isso tem de ser avaliadso experimentalmente, e isso também eu desconheço. O Natural Neen, comercializa um composto orgânico feito com o bagaçom ou torta de sementes de neen, mas não sei se tem alguma propriedade diferente dos compostos orgânicos convencionais, se for apregoado alguma ação específica, deve-se observar, quais experimentos e que resultados obtiveram indícios ou confirmação dessas propriedades!
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Re: Solos e substratos, adubos e fertilizantes.

Mensagempor Chico em 19 Set 2008, 19:01
Muito obrigado pela explicação, vou utilizar o soro e testar as folhas de neem na compostagem, se conseguir obter alguma comparação, coloco os resultados aqui neste tópico.
Este forum é uma verdadeira enciclopédia, aprendemos novas técnicas, história, geografia e ainda fazemos amigos.
Um grande abraço.
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Re: Solos e substratos, adubos e fertilizantes.

Mensagempor roque em 21 Set 2008, 10:18
Bem vamos falar mais um pouquinho de adubação orgânica! já exploramos um pouquinho da importância da MOS no cultivo de plantas, mas para nós, nesse momento interessa a ação dos fertilizantes orgânicos. A maioria das pessoas hoje, por ação do intenso bombardeio da midia com informações sobre problemas ambientais, enfim, pregando uma vida mais natural e saudável, estão preferindo, atualmente utilizar os adubos e fertilizantes orgânicos ou naturais, em função disso, cresce a produção orgânica, tanto de hortaliças, frutas e grãos, como atambém leite e derivados e até carnes! Bom na realidade, se retorcedermos algumas décadas, e olhe não são muitas não, do final do século XIX, até as primeiras décadas do século passado, quase toda produção era "orgânica", se retrocedermos mais um pouquinho, 100% de toda a produção de alimentos era o que se pode considerar hoje em dia como orgânica, então isso não é uma NOVIDADE, certo? Apenas uma volta ao passado, de certa forma, porque hoje temos muito mais conhecimento e técnica que no passado, vamos colocar assim, hoje produzimos de forma orgãnica porque é saudável, está na moda, é mais ambientalmente correto, etc, etc..... Antigamente os agricultores produziam "organica ou naturalmente", porque essa era a única maneira de produzir! o que mudou tanto assim? Bem isso aí já foi dsicutido num post, mas ue não ,lembro onde, então vou perder uns minutinhos e colocar algumas considerações, bem as plantas, como já vimos, necessitam de nutrientes minerais, e não fazem distinção de onde e como são produzidos, nós, seres humanos, necessitamos de vitaminas, minerais, ácidos graxos e aminoácidos essenciais, que não produzimos e vem da alimentação, ou deveriam, certo? Bem o que mudou substancialmente nesse perído citado, foi o surgimento dos agroquímicos, a mecanização rural e novas técnicas de plantio e de manejo de culturas, além da produção de novas cultivares e plantas. Existe um paradigma interessante, as plantas no seu habitat NATURAL, retiram nutrientes disponíveis do solo e produzem frutos ou biomassa, quando o homem se interessa por essa planta e passa a cultivá-la, torna-se necessário aumentar sua capacidade de produzir, bem no seu habitat a planta demora mais a produzir e produz, relativamente pouco, mas na lavoura, tem de produzir mais rápido muito mais, então o que será de imediato necessário? Nutrientes em maior qtde, obvio, bem na realidade é como a alimentação humana, antigamente boa parte do tempo das pessoas era dedicado a ´produção e preparo dos alimentos, comia-se muitos vegetais "in natura", ou seja, frutas e hortaliças, carnes não eram consumidas diariamente, porque não existiam geladeiras, tinha-se de comprar e comer logo, senão estragava, com isso ao se comer mais vegetais crus e frescos, porque não tinha como não ser fresco mesmo, as pessoas ingeriam NATURALMENTE na alimentação diária os nutrientes essenciais, ou padeciam de sua carência, HOJE NÃO TEMOS MAIS TEMPO NEM PARA COMER, que dirá preparar, pior ainda produzir alimentos! hoje consumimos alimentos processados, bem conservadinhos, congelados, pré-prontos ou já totalmente prontos, muito práticos, só tiramos de uma embalagem plástica e comemos, certlo? Não fazemos mais esforçoa, as vezes nem para comprar, basta pegar o telefone e pedir, e daqui a pouco só pela internet,etc.... E onde o esse texto altamente PROLIXO do Roque vai afinal, isso aqui não tem absolutamente nada a ver com adubação orgânica! Bem realmente, estou só fazendo uma analogia, com o que aconteceu com a vida das pessoas, com o que aconteceu no campo, nas lavouras, hoje plantamos variedades altamente produtivas, por isso, altamente exigentes em nutrientes, então oferecemos a elas adubos químicos, altamente solúveis, é como se a planta não precisace mais nem fazer esforço, colocamos o NPK bem ali, competir com outras plantas? De jeito nenhum! HERBICIDAS QUÍMICOS nelas! Algum bichinho anda beliscando sua folhas, INSETICIDA ORGANOFOSFORADO nele! Que vá beliscar mato que NÃO SERVE PARA NADA MESMO! Está com sede? Nada de aprofundar raízes e gastar energia com isso, aqui está a mangueira do gotejamento, etc, etc.....! Bem é isso aí a diferença toda entre o modo de produzir de forma orgânica ou natural e a agricultura convencional, os fertilizantes orgãnicos ou naturais, não aptresentam os nutrientes em formas altamente solúveis, esses são liberados lentamente, necessitando por vezes da ação dos microorganismos do solo para tal! Então as plantas não recebem assim na boca, os nutrientes tem de ir atrás, formar mais raízes, na produção orgânica, não se faz a "limpeza total" da lavoura, nem se utilza apenas uma planta, ou seja, a nossa plantinha tem interagir com outras, brigar pelos nutrientes com alguns matinhos, pargas e doenças vão sim afetá-la, vamos usar umas caldas, produtos naturais que vão auxiliar, mas não como os agroquímcos que resolvem na hora, ou pelo menos tentam, enfim, com o advento, principalmente da industrialização e também da petroquímica, foram desenvolvidos os modernos adubos e fertilizantes químicos e també todos os defensivos, que no conjunto denominamos genericamente de AGROQUÍMICOS, produtos concentrados, altamente solúveis e com elavada atividade, facilitam a aplicação, pois com pequenas qtdes, se consegue um efeito excelente, veja, se vc for usar um NPK, já vimos isso, vai usar alguns gramas desse fertilizante, se for usar esterco, como veremos daqui a pouco, vai ter de usar litros, ou seja uma qtde muito, mais muito maior, e ainda não vai ter o mesmo efeito, ou pelo menos não tão rápido ou eficaz, que o NPK.
Não sei se me fiz entender, mas na realidade hoje a industrialização do campo produz muito e com muita efici~encia, o que é bom, mas demanda também muito, mais muito agroquímico, coisas que muitas vezes é melhor nem saber de onde vem, nem como são produzidos, e pior ainda o que seus resíduos ou os efeitos que provocam nas plantas podem nos afetar! :worried:
Cansei de digitar, mas daqui a pouco vou, finalmente começar a falar de fertilizantes orgânicos ou naturais, vamos começar com os mais populares, os estercos, não percam os próximos capítulos!!!!! 8)
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Fertilizantes Orgânicos ou Naturais - Estercos

Mensagempor roque em 21 Set 2008, 17:22
Bem como prometido, vamos começar de fato a falar dos fertilizantes orgânicos ou naturais.
Os estercos são talvês os fertilizantes ou adubos orgâncos ou naturais mais utilizados, sendo largamente empregados na agricultura como um todo e particularmente na produção de hortaliças. Um bom fertilizante orgânico, deve fornecer, basicamente 2 coisas, os nutrientes para as plantas ou minerais essenciais e MO para o solo, pois como já vimos a MOS tem uma grande importância para a fertilidade do solo, bem maior que sua capacidade de fornecer apenas nutrientes minerais.
Existem tantos estercos quanto são os animais que os produzem, geralmente ao falarmos de esterco, nos vem a mente apenas os mais comuns para nós, o esterco bovino e o de aves, mas isso porque a produção de proteína animal, no Brasil é predominatemente baseada na pecuária bovina e na avicultura, depois em 3º plano a suinocultura. Então existe por esse motivo uma maior disponibilidade no mercado dos estercos bovino e de aves. ocorre que muitos outros estercos podem e devem ser usados, como os de caprinos, ovinos, de cavalos, coelhos e outros pequenos animais. Vamos lembrar do GUANO, esterco de aves marinhas ou o guano de morcego, que é recolhido em grandes quantidades de cavernas onde existem colônias desses quirópteros. Outra coisa, o humus de minhocas não deixa de ser um esterco, pois é cosntituido pelos escrementos das minhocas. Os estercos, como podemos perceber, em função de sua origem, pou seja, do animal que o produziu, podem apresentar grandes diferenças entre si. Então cada espécie animal pode produzir escrementos bem distintos em vários aspectos, os quais vamos explorar alguns.
Cada espécie animal apresenta um metabolismo e uma fisiologia que determina sua alimentação e seus processos digestivos, proporcionando escrementos com carcterísticas próprias. Os animais podem ser classificado em vários grupos de acordo com sua alimentação, por exemplo, herbívoros (bois, cavalos, coelhos), carnívoros (morcegos, aves marinhas), onívoros (aves) e detritívoros (minhocas), e sua fisiologia digestiva ou digestória, como monogástricos e ruminantes.
Cada dieta e cada fisiologia determina carcterísticas próprias de cada esterco.
Vamos tomar como exemplo as diferenças entre os estercos de aves (frangos de corte e galinhas poedeiras) dos de gado bovino.
Os galinhaceos são aves que apresentam uma dieta onívora, alimentando-se, quando livres de plantas (grama e folhas, frutos e sementes) e animais (minhocas, insetos, pequenos animais), tem um aparelho digestório monogástrico, ou seja tem apenas um único estômago ou gastro, além disso as aves não excretam urina e fezes distintamente, tem apenas um local para esse fim a cloaca, então suas fezes apresentam os excretas totais de sua digestão e metabolismo, outra coisa, as aves, assim como os répteis, são animais uricotélicos, ou seja, excretam o Nitrogênio excedente de seu metabolismo pela eliminação de ÁCIDO ÚRICO, aquele mesmo que muitas pessoas tem aumentado no plasma sanguíneo e que com o tempo causa deposição nas juntas, uma doença denominada gota e por isso pessoas com problemas de ácido úrico devem evitar consumo elevado de aves. Bem quem já viu alguma ave defecar, principalmente galinhas, pode verificar que esses animais eliminam junto com as fezes uma massa esbranquiçada, mesma coisa que lagartos e até as lagartixas caseiras, sempre tem aquela bolinha ou pontinha branca nas fezes, esse material é o ácido úrico excretado junto com as fezes.
O gado bovino são animais herbívoros, ruminantes, apresentam um aparelho digestório composto por vários compartimentos gástricos, apresentam também um aparelho urinário completo, eliminando os metabólitos indesejáveis pela urina, em solução aquosa e não no meio das fezes como as aves, além disso, como nós humanos, e todos os outros mamíferos, eliminam o nitrogênio excedente de seu metabolismo na forma de uréia, eliminada na urina com os outros metabólitos excretados, por isso são chamados de animais ureotélicos.
Então podemos diferenciar esses estercos em vários aspectos, primeiro deles, a dieta, obvio que uma dieta variada, rica em proteínas e outros derivados animais, de onívoros como as galinhas, tem maiores teores de nutrientes, principalmente N, P, Ca e S, em relação a dieta vegetariana de herbívoros como as vacas e bois. Além disso, todo o nitrogênio excretado pelas aves, sai em seu esterco, como já explicamos acima, n o caso dos bovinos, apenas uma parte desse nitrogênio, principalmente o N que não foi assimilado durante a digestão, o N em excesso no metabolismo interno é eliminado na forma de uréia pela urina, então o N total da excreção de bovinos só será disponível se juntarmos fezes e urina desses animais, ao passo que no esterco de aves, todo o N está ali, de forma concentrada, posteriormente iremos ver que isso faz grande diferença no manejo desses estercos.


Continua..... :P
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Re: Solos e substratos, adubos e fertilizantes.

Mensagempor roque em 26 Set 2008, 11:39
Bem estamos usando os dois estercos mais disponíveis, o de gado bovino e de galinhas e frangos, para discorrer um pouco das características e manejo dos estercos animais para utilização como fertilizantes orgânicos de plantas. Como vimos existem diferenças desses materiais, em função do tipo de dieta e da fisiologia de cada espécie animal. Ocorre que mesmo estercos de uma mesma espécie animal podem variar também, em função da idade e do manejo desses animais, mais particularmente, a alimentação. Então esterco de um curral de bezerros, podem diferir de esteco de um curral de vacas adultas ou de bois. O gado criado a pasto, tem seu esterco baseado na digestão apenas de gramíneas, algumas vezes leguminosas consortciadas, ao passo que animais confinados, alimentados com silagem e ração, tem uma dieta bem mais rica, composta por milho ou outro material de silagem, e farelos e tortas, como de soja, milho, algodão, etc, existentes nas rações, além disso, gado confinado, recebe suplementação mineral equilibrada e em boa qtde, inclusive fósforo, cálcio e outros minerais. Então se vc vai no pasto, como eu fazia qdo criança, e coleta esterco, depositado pelos animais em pastejo ou coleta de um confinamento, onde existem centenas de bois sendo alimentados num espaço restrito, esses dois estercos irão diferir, as vezes de maneira bem acentuada, principalmente no teor de nutrientes disponíveis. A relação C/N pode ser maior ou menor em função dessas variáveis, teores de fósforo, cálcio, potássio e outros minerais, também irão variar. outra coisa interessante é que estercos de curral, como os de ordenha, com piso impermeabilizado, promovem uma mistura das fezes com a urina dos bovinos, que como já comentamos, faz o teor de N total dessa mistura ser maior que o do esterco puro. Cos o esterco de aves, sejam galinhas, pintos ou frangos, ocorre a mesma coisa, mas existem diferenças qto a coleta do material, que também influem mais nesse caso. Bom esterco puro de aves, é difícil de se conseguir, os mais puros são obtidos de granjas de galinhas ou codornas poedeiras, que fical, geralmente em gaiolas e suas fezes caem no chão, em modernas granjas tecnificadas, até em esteiras que coletam o material, mas na maioria, esse material é removido mecanica ou manualmente, e geralmente são amontoados. Para frangos ou outras aves de corte, os pintinhos são criados em lotes acondicionados em espaços grandes. de piuso impermeável, coberto com algum material rico em carbono, como sepilha ou maravalha ou serragem de madeira, palha de arroz, palha de cereais, etc, esse material tem como finalidade servir de cama para as aves, absorvendo as fezes, diminuindo a emissão de gases indesejáveis como amõnia, geralmente a cama fica durante todo o período de cria e engorda das ves, hoje para frangos de corte em granjas bem tecnificadas próximo dos 40 dias. Depois de retiradas as aves, a cama de frango é removida e armazenada, em sacos de ráfia ou em locais apropriados, sendo as vezes comercializada a granel, em m3 ou caminhões. Então a cama de frangou conhecida como esterco de frango, não é um esterco çpuro de aves, mas uma mistura do material da cama com o esterco das aves, e ainda contém penas das aves e resíduos de ração que caem dos comedouros, então a cama de frango, muito usada como fertilizante orgânico, é na realidade um material bem mais complexo que um esterco, pois na verdade é constituído de uma mistura de esterco com vários outros materiais, que inclusive podem variar de granja para granja e de lote para lote de aves, nas mesma granja, visto que se podem variar o tipo de ração e o material da cama.

A seguir, iremos falar do processo de cura ou bioestabilização do esterco bovino e de aves, e iniciar alguma coisa sobre o processo de compostagem de resíduos orgânicos.
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Bioestabilização, cura ou compostagem de estercos frescos

Mensagempor roque em 07 Out 2008, 21:24
Depois de um longo tempo, encontrei um tempinhopara escrever mais alguma coisa por aqui!
Já falamos um pouco sobre os estercos e algumas características dos dois mais abundantes e fácies de encontrar aqui no Brasil, o esterco bovino e a cama de frango, ou esterco de aves. Já dissemos que os estercos, mesmo procedentes do mesmo tipo de animal podem ter grandes diferenças entre sí, fruto da alimentação dos animais, tipo de criação, manejo e como é coletado o material fecal que constitui o esterco em si.
Agora, independentes do tipo e de como o esterco foi coletado, existe um processo todos os estercos tem de ser submetidos, para converter-se em fertilizantes orgânicos, de excelente qualidade, como já dissemos. Esse processo é tecnicamente denominado de bioestabilização, que é conhecido popularmente como cura ou compostagem.
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Re: Solos e substratos, adubos e fertilizantes.

Mensagempor roque em 08 Out 2008, 10:38
Sobre a bioestabilização ou compostagem já existe um magterial razoável colocado aqui:

"Como produzir bifertilizante sólido" em:
viewtopic.php?f=4&t=2951

Então não vou falar tanto do processo em sí, mas colocarei algumas observações pertinentes aos estercos frescos ou verdes.
Como vimos o esterco bovino pode ser coletado puro ou misturado com restos de alimento, como silagem ou ração, o de aves, geralmente com o material da cama. Esse material verde, cru, tem uma boa carga de microorganismos decompositores, ideais para servir de fonte de inóculo a um bom processo de compostagem, se vc tiver esterco bovino e não tiver nenhum outro material para compostar, pode fazer um monte com o esterco puro e proceder da forma como está mais ou menos colocada no post referenciado. O esterco bovino tem uma relação C/N que permite sua bioestabilização sem muitas perdas e sem exalar mau cheiro, o ideal é manter esse material puro, cerca de 30 dias em compostagem ou cura, antes da bioestabilização. O ponto ideal de bioestabilização, onde o material já pode ser usado como fertilizante é o momento em que umido e após revirado, a massa de material não esquenta mais. Com a reviragem, o material é aerado e o oxigênio promove um ambiente favorável a decomposição aeróbica, com intensa atividade metabólica e consequente aumento da temperatura. Se o material já foi bem decomposto e a MO já parcialmente digerida e ou assimilada pela biomassa de microorganismos, o material não mais irá sofrer uma intensa ação microbiológica e deixa de esquentar algum tempo depois de uma reviragem, com introdução de ar fresco no material em compostagem.
Se houver algum material fibroso, desde que não tenha uma relação C/N muito elevada como serragem e alguns tipos de palhas vegetais, pode-se usar um proporção de até 30% de esterco e 70% de matéria orgânica vegetal fresca. O melhor material para essa compostagem são sobras de grama e folhas. Mas veja o esterco bovino puro demora cerca de 20 a 30 dias para atingir a bioestabilização, depois de coletado, com adição de outros materiais o tempo vai aumentando em função do tipo de material e da sua quantidade relativa, por exemplo, 50% grama + 50% esterco, bem misturados e com reviragens semanais ou cada 3 ou 4 dias, teremos o composto entre 40 e 60 dias, dependendo de umidade e temperatura. Se forem utilizadas além de grama folhas secas e serragem de madeira, o tempo aumenta para 90, 120 e se houver muita serragem, tipo 30% de esterco e 70% serragem, até 180 dias. Então misturar outros materiais na cura do esterco bovino aumenta o volume de fertilizante, mas também aumenta o tempo de compostagem desse material, o ideal é ter diferentes materiais em diferentes processos de compostagem ou seja, esterco puro para uso rápido e misturas para uso mais tardio, lógico que isso depende da disponibilidade e do manejo que se deseja.
No caso da cama de frango, a compostagem pe quase obrigatória, devido a baixa relação C/N do esterco de aves, sua putrefação é muito rápida e tem uma capacidade enorme de exalar odores indesejáveis, como vimos, H2S, NH3 e outros compostos nitrogenados e ainda compostos oxigenados como ácidos, ésteres, cetonas, etc.... Esses gases além de macheirosos, atraem moscas e outros insetos, e promovem perdas de nutrientes, principalmente nitrogênio e enxofre.
A cama de frango deve ser comprada já bioestabilizada, mas geralmente se vende seca, como já "pronta" para uso, mas se você umedecer e amontoar, quase q com certeza irá haver aquecimento no meio da massa e logo haverá emissão de odor pútrido, numa demonstração de que o produto ainda não está bioestabilizado e se for usado assim poderá trazer problemas as plantas, como já comentamos anteriormente nesse post mesmo. O ideal é compostar essa cama com algo em torno de no mínimo 30 a 50% de outro mateiral, o melhor mesmo são podas de grama fresca ou seca e folhas secas.
Raramente se faz isso, geralmente se deixa o material dentro do saco e ao ser umedecido fica aquele cheiro horrível, o que leva muitas pessoas a deixar de usar a cama de frango ou outras formas de esterco de aves, devido a esses incovenientes, mas é uma material de fácil aquisição e abundante onde existem granjas de aves. Outro equívoco é que o esterco de aves queima as plantas e sua utilização tem de ser feita com cuidado ou por quem sabe, isso decorre do fato de ser um material com relação C/N baixa, e geralmente utilizado sem estar bioestabilizado, de forma indevida se adiciona o esterco verde aos plantios e os problemas ocorrem devido a falatde uma manejo adequado dessa rica fonte de MO.
Vamos falar na sequência de fertilizantes e corretivos alternativos, como cupinzeiros, cinzas e outros materiais.
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Cupinzeiros

Mensagempor roque em 11 Out 2008, 09:59
Um material relativamente abundante, pouco usado, mas com bom potencial, são os cupinzeiros, as famosas casas de cupins, que tanta gente odeia, pela má fama dos cupins urbanos de estragar madeira, destruindo as casas e outras coisas. Na verdade esxistem muitos tipos de cupins, esses insetos pertencem a toda uma ORDEM, denominada ISOPTERA, literalmente "asas iguais", mas os cupins geralmente não tem asas, mas os adultoas sexualmente maduros, as aleluias, tão comuns depois de chuvas, em determinadas épocas são aldos e tem dois pares de asas + ou - identicos. Os cupins tem no seu aparelho digestivo micro-organismos simbiontes capazes de digerir a celulose, ´por isso os cupins podem se alimentar de madeira, folhas, talos, papel, e até roupas de tecidos vegetais como algodão e cânhamo. Isso os torna terríveis inimigos nas área urbanas e rurais, pois infestam casas, armazens, barracões, enfim todas as construções onde haja madeira e também papel, como as bibliotecas, que podem, literalmente ser destruidos pelos cupins. Devido a sua capacidade de conumir e digerir celulose, os cupins tem um papel importantíssimo na natureza, sendo um dos principais insetos capazes de iniciar o ataque em troncos e outras partes de vegetias de grande porte como árvores, eles comem uma parte da madeira e ao fazerem isso abrem portas de entrada para outros insetos, animais e para micro-organismos decompositores, além disso, o ninho dos cupins, na grande maioria das vezes se encontra abaixo do solo, onde escavam galerias, dessa forma os cupins, junto com as formigas, estão entre os insetos com grande parcela de participação ativa na g~enese dos solos, particularmente os solos tropicais, estima-se que a biomassa vegetal, principalmente gramíneas, consumida por cupins, nas savanas africanas, e em outros ambientes, como os cerrados e até a floresta amazõnica, supera em muito o consumo dos grandes herbívoros, como na áfrica, zebras, gnus, girafas, elefantes, etc.... Então a ação dos cupins como agentes atuantes na decomposição da matéria orgânica e participantes efetivos de todos os ciclos biogeoquímicos importantes, como os ciclos do carbono, nitrogênio, fósforo e muitos outros elementos é fundamental para a manutenção da sustentabilidade de vários e importantes biomas e ecossistemas. Muitos cupins são totalmente inofensivos ao homem e vivem, quase que exclusivamente abaixo do solo, alimentando-se de matéria orgânica disponível na superfície do solo, apenas uma parte dos cupins pode ser considerada danosa, construindo seus ninhos nas proximidades do homem e destruindo construções, instalações outras coisas e bens produzidos pelo homem. Bom justamente os terrívies cupins ta~po abundantes em vários locais, na verdade são contituídos, quase que única e exclusivamente pelos excrementos dos cupins, ou seja, vamos começar a olhar os cupinzeiros como uma massa de esterco seca, e portanto um fonte de MO e de nutrientes para as plantas, um bom e muito abundante fertilizante orgãnico natural.
Bom, como todo esterco, a composição desse material é função, entre outras coisas da alimentação dos cupins, basicamente madeira e outras fontes de biomassa vegetal, como talos, folhas e raízes, ao digerirem seu alimento os cupins absorvem os nutrientes e eliminam um esterco rico em MO, mas relativamente pobre em nutrientes essenciais para as plantas, devido a medeira ser um tecido vegetal, relativamente pobre em minerais, como N, K, Ca e P. Porém a digestão de folhas e raízes aumenta os teores de nutrientes, mas o importante é que os cupins podem digerir a celulose, então seu esterco apresenta um bom nivel de humificação da MO, contribuindo para aumentart o teor de MOS, quando a biomassa dos cupinzeiros é incorporada ao solo. A maneira de usar o cupinzeiro é retirar o material total ou parcialmente, triturar ou moer e acrescentra ao solo ou outrpo substrato. Os cupinzeiros antigos tendem a ser duros demais, mas se vc triturar bem irá obter um bom material para incorporar ao solo, e usar em canteiros e vasos. Ao eliminar parcialmente ou totalmente um cupinzeiro, rapidamente ele irá se regenerar, isso é um terror para quem quer combatê-los, isso ocorre proque aquela biomassa externa, na verdade é apenas uma parte do cupinzeiro, geralmente a rainha ou fêmea sexualmente ativa, o ninho com ovos e crias, fica em algum local muito bem protegiod, geralmente bem abaixo do solo, ou em algum local onde exista alguma brecha ou buraco entre a alvenaria ou alicerse das casas e outras construções, isso torna o combate a cupins uma coisa difícile trabalhosa. Ao cortarmos um cupinzeiro, os cupins imediatamente começam a reconstruir sua estrutura e fechar todas as portas abertas, evitando ataques de predadores, como formigas e outros animais. Esse material novo, geralmente tem uma coloração mais clara e é bem menos duro que os cupinzeiros velhos, sendo bem mais fácil de retirar, triturar e usar! Pode-se usar muito bem misturas de cupinzeiros triturados nos canteiros ou em vasos, substituindo o composto orgânicos ou uma parte do esterco de gado bovino, claro, será necessário acrescentar algum material mais rico em nutrientes como torta de mamona, farinha de ossos, estercos de aves ou bovinos, mas esse material, geralmente jogado fora, quando se fazem limpezas e se retiram os cupinzeiros, pode agora ser visto com outros olhos e começar a fazer parte do rol de fertilizantes alternativos em sua casa ou propriedade rural. Na verdade se preconiza um manejo dos cupinzeiros, retirando-se sempre parte dos cupinzeiros e assim sempre havendo material para novas retiradas periódicas. O único problema são os produtos químicos e inseticidas usados para combater cupins, inclusive óleo queimado e querosene, que tem pouca ou nenhuma ação sobre o cupinzeiro, mas provoca morte de muitos cupins e abandono da estrutura contaminada, porém os cupins irão construir outra, geralmente nas proximidades. Esses cupinzeiros "tratados" com produtos tóxicos ou pesticidas, não devem ser usados como fertilizante orgãnico alternativo, só utilize material que vc tem certeza de não estar contaminado.
A seguir iremos falar sobre cinzas de madeira, um material com propriedades de fertilizante e de corretivo do pH dos solos e de outros substratos, inclusive, para substratos produzidos artezamalmente para enchimento de bandejas ou sementeiras!
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Cinzas de madeira

Mensagempor roque em 11 Out 2008, 19:09
As cinzas de madeira e carvão são um material também relativamente abundante e que apresenta uma elevada capacidade de fornecer nutrientes e também corrigir o pH do solo, promovendo uma elevação do ph de forma mais rápida que o calcário agrícola. As cinzas são o material, predominantemente inorgânico, que sobram após a queima completa de madeira e de carvão vegetal, não recomendamos a utilização de cinzas de nenhum outro tipo de material, principalmente de processos industriais, pois podem conter metais pesados e ou outras substâncias tóxicas. As melhores cinzas são aquelas de fornos a lenha, sejam caseiros ou de padarias e pizzarias. As cinzas de churrasqueiras, basicamente produzidas com carvão, seja de churrasqueiras caseiras, aquelas do churrasco de domingo, ou de churrascarias e restaurantes. Após a combustão completa de madeira ou carvão vegetal, o material que resta, denoiminado de cinzas constitui todos os minerais inorgãnicos e não voláteis, que ficam, na forma de óxidos ou de sais inorgânicos. Os principais constituintes das cinzas são os metais alcalino e alcalino terrosos, a maioria de minerais nutrientes de plantas, como K, Ca, Mg, Fe, Cu, Zn, Mn, etc, mas também outros, não tão benéficos, como Na e Al. Fósforo e enxofre, como outros elementos ficam na forma de sais, como fosfatos e sulfatos.
A capacidade das cinzas de elevar o pH dos solos e ou substratos, deve-se a presença em qtdes apreciáveis de óxidos de metais, tais como os óxidos de K, Na, Ca e Mg, geralmente em maiores teores, esse óxidos são de natureza básica, reagindo com água e produzindo os respectivos hidróxidos, por exemplo, CaO + H2O = Ca(OH)2, depois ocorre a dissociação desses hidróxidos, liberando os cátions, geralmente nutrientes e o ânion hidroxila, capaz de reagir com os íons H+ da solução do solo, diminuindo sua concentração e portanto tendo um efeito de elevação do valor do pH, no caso do nosso exemplo, a reação simplificada seria: Ca(OH)2 + nH2O + 2H+ = Ca++ + (n+2)H2O.
Então as cinzas além de fornecerem boas quantidades de uma série de macro e micronutrientes para o solo, tem também a capacidade de corrigir pH ácidos, e também neutralizar o alumínio tóxico, ou Al+++, num processo já descrito qdo falamos sobre a corretivos de pH.
Devido a essas ações é que se utiliza o manejo muito antigo de cortar a mata e depois de seca a biomassa vegetal, atear fogo, isso promove uma limpeza do material e ao mesmo tempo, produz boa quantidade de cinzas vegetais, numa forma rápida de liberar a grande maioria dos nutrientes existentes na vegetação de cobertura da área a ser cultivada e também promover uma elevação do pH do solo, coisa muito desejável para a instalação de culturas agrícolas. Esse manejo primitivo de queimadas tem sido hoje bastante combatido, devido aos danos ambientais, uma vez que destroi a vegetação, acarreta um risco enorme de incêndios florestais, quando a queimada extrapola área a ser cultivada e acaba se alsatrando pela vegetação nativa, podendo trazer enorme destruição. Além disso, a queima da biomassa vegetal, libera enormes qtdes de gases causadores do efeito estufa, principalmente os óxidos de carbono, nitrogênio e enxofre. Além disso esses gases alé de danosos ao meio ambiente acabam empobrecendo o solo, pois levam embora nutrientes voláteis como N, S e muitos outros. Outro problema é que o calor excessivo das queimadas acabam matando a grande maioria dos micro-organismos próximos da superfície do solo, bem como destroi também a MOS, próxima da superfície, resultado, devido a disponibilização dos nutrientes das cinzas e também da elevação do pH do solo, esse se torna fértil e permite uma a duas colheitas, mas depois torna-se empobrecido rapidamente devido a degradação da MOS e dimminuição da microbiota do solo, fator importantíssimo, como já discutimos muito, em vários momentos anteriores, a boa saúde do solo e manutenção de sua fertilidade.
As cinzas de produção caseira ou oriunda de fornos ou churrasqueiras de estabelecimentos como padarias e churrascarias, pode e deve ser usada como um fertilizante e corretivo alternativo para nossos cultivos, sejam domésticos e até mesmo comerciais. O único cuidado é saber a proced~encia das cinzas, evitando aquelas que não são obtidas unica e exclusivamente da queima de madeira e carvão de origem vegetal, sem adição de quaisquer outros materiais, de qualquer outra natureza. As cinzas de churrasqueira podem ser ainda mais ricas em nutrientes, caso sejam colocados ossos de animais para serem torrados ou calcinados, isso pode ser feito após terminar de assarmos as carnes, peixes, embutidos e outro ingredientes do nosso churrasco, podemos colocar os ossos de carnes como bistecas, costelas, as espinhas dos peixes, enfim, o material ósseo e até carlilaginoso que não serão consumidos, esse material será tostado ou dependendo da exist~encia de brasas suficientes, calcinado, enriquecendo as cinzas com Ca, Mg, e principalmente P e N! Depois de frias as cinzas devem ser peneiradas com peneira fina e guardadas em sacos ou outro recipientes. Podem ser adicionados diretamente ao solo, no preparo de canteiros ou covas, e também podem ser adicionadas a misturas de terra e MO para enchimento de vasos e outros locais de plantio, podem ser adionadas junto com outros ingredientes no preparo de substratos para enchimento de bandejas e sementeiras. Outra opção é adicionar as cinzas ao substrato que será fornecido as minhocas detritívoras para a produção de humus, isso pode ser extremamente benéfico para as minhocas, que apreciam substratos com pH mais elevados, próximos a neutralidade e também irá tornar o seu alimento mais rico em nutrientes, o que tornará o humus produzido bem mais rico também em nutrientes solúvies e com um pH um pouco mais elevado, características que são muito desejáveis para esse fertilizante orgânico. As cinzas, em todos esses casos, devem substituir totalmente o calcário agrícola e devem ser usadas mais ou menos, num volume entre 50 e 70% do que seria utilizado de calcário. Então esse é mais um fertilizante alternativo que pode se integrar ao nosso leque de opções na hora de fazer a adubação de nossos cultivos, sejam amadores ou profissionais.
Em seguida vamos falar sobre os fertilizantes orgãnicos mais encontrados nos comércios, que ainda não foram mencionados, a torta de mamona e a farinha de ossos. ;)
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Re: Solos e substratos, adubos e fertilizantes.

Mensagempor Chico em 11 Out 2008, 20:47
Como bom Gaúcho, vou ter que fazer mais churrascos para produzir mais cinzas.
Edmundo Trein (o apelido é Chico)

Você sabe por quê o mar é tão grande? Tão imenso? Tão poderoso?
É porque foi humilde o bastante para colocar-se alguns centímetros abaixo de todos os rios.

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Torta de mamona

Mensagempor roque em 16 Out 2008, 15:13
Torta de mamona – esse material é o resíduo agroindustrial oriundo do esmagamento das sementes de mamona para a retirada do óleo, hoje muito utilizado na produção de biodiesel. É um resíduo rico em proteína, porém não se presta a utilização como ingrediente em rações animais devido a existência de uma toxina bastante poderosa denominada de ricina. Sua ingestão é bastante tóxica e pode levar a morte quase qualquer tipo de animal, portando isso faz com que a manipulação, armazenagem e uso desse resíduo seja sempre longe de animais domésticos e de crianças. Para pessoas adultas não existe problemas, pois o material só é tóxico se ingerido. As embalagens desse fertilizante deveriam trazer informações sobre isso, mas geralmente não o fazem. Na maioria das embalagens porém existe avisos de não deixar ao alcance de crianças e de animais domésticos, também existe, as vezes o aviso de não misturas de forma alguma a torta de mamona com outro fertilizante orgânico muito encontrado em lojas de produtos agropecuários e de jardinagem, a farinha de ossos. Isso não se deve a nenhum efeito maléfico da mistura, nem que ela seja prejudicial as plantas, muito pelo contrário, na seqüência iremos ver que a farinha de ossos possui bons teores de fósforo, como a torta de mamona tem bom teor de nitrogênios seria e é bastante aconselhável misturar partes iguais dos dois fertilizantes, obtendo-se assim, uma mistura rica em N e P. Bom, então porque essa advertência, muitas vezes expressa de não se misturar esse materiais? Isso se deve ao fato da farinha de ossos, devido ao fato de ser obtida de ossos de animais, geralmente gado bovino, e mais raramente suínos, tem um efeito atrativo para animais, especialmente os carnívoros e onívoros, então animais domésticos como cães e gatos, podem ingerir a mistura devido a presença da farinha de ossos e serem intoxicados pela ricina, o que pode levar a morte ou a danos severos. Outros animais onívoros que tenham acesso, poderão também ser intoxicados como galinhas e porcos, então deve-se evitar misturar esses dois fertilizantes orgânicos e principalmente evitar guardar essa mistura. Uma vez incorporado ao solo ou a substratos a torta de mamona em pouco tempo deixará de ser tóxica, pois a ação da microbiota sobre ela é extremamente rápida, uma vez que esse material possui uma relação C/N muito baixa, em torno de 10/1, portanto apresentam uma rápida liberação de nitrogênio em forma solúvel, não havendo problema de imobilização biológica de nitrogênio com sua adição ao solo ou a outros substratos, isso torna a torta de mamona uma excelente fone orgânica de N e outros minerais nutrientes de plantas. Geralmente a torta de mamona é comercializada em pequenas quantidades em caixas com 1,0Kg, sendo esse produto voltado principalmente ao nicho de jardinagem, isso torna seu preço elevado e as vezes impeditivo para muitos cultivos, mas em plantios caseiros de hortaliças, como as pimentas e em vasos de plantas ornamentais e flores torna-se uma boa opção. Em locais próximos as indústrias de extração do óleo, é possível adquirir o produto a granel, isso pode viabilizar sua utilização, principalmente na agricultura orgânica, onde boas fontes naturais de nitrogênio são sempre muito demandadas.
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Re: Solos e substratos, adubos e fertilizantes.

Mensagempor roque em 16 Out 2008, 15:20
Andei lendo esses últimos tópicos e vi que tem dezenas de erros grosseiros de português, que fariam uma professora minha do 2º grau a Maria Tereza, ter um ataque cardíaco, sempre fui péssimo aluno de português e gramática sepre foi a pior parte, mas vou fazer uma revisão disso, talvês até segunda já tenha corrigido as piores atrocidades a língua vernácula! Pessoal, por favor não reparem demais nesses meus erros, vou tentar melhorar!
A horta é um local onde se pode cultivar vários tipos de verduras e legumes que são ricos em sais minerais e vitaminas indispensáveis para o organismo humano. Nela também pode-se plantar temperos e ervas medicinais.

Além de ser uma fonte alimentar é um importante local de relaxamento que proporciona contato com a terra e a natureza e o prazer de produzir algo, sem falar da economia que podemos conseguir quando cultivamos nossos próprios alimentos, ao invés de comprá-los, com possibilidades de vendê-los, ajudando na renda da família. Ter uma horta em casa não é difícil, porém é preciso alguns conhecimentos para ter um bom planejamento e uma boa produção. Neste folheto, procuramos contribuir com algumas dicas para que você faça, com sucesso, uma horta em sua casa.

2. LOCAL DA HORTA

Para plantar uma horta, você pode usar o quintal, um cantinho qualquer e até mesmo vasos e caixotes. Alguns cuidados devem ser tomados para escolher e preparar o terreno, pois dele vai depender o bom desenvolvimento das plantas e a boa produção da sua horta:

Escolha do Terreno:
bullet   Se possível, o local deve tomar sol o dia inteiro.
bullet   Deve se plano ou levemente inclinado.
bullet   Não deve ser encharcado.
bullet   A terra deve ser adubada.
bullet   A água para molhar deve ser pura e limpa, para não contaminar as verduras. Isto é importante porque você pode ter o hábito de comer alguns alimentos crus.
bullet   O terreno para a horta deve ficar a afastado, no mínimo, 5 metros de privadas, chiqueiros ou esgotos.






Preparo do Terreno:
bullet   Limpar ou capinar a área, ajuntando todo o mato em um canto. O material retirado servirá, depois de apodrecido, como adubo orgânico (esterco).
bullet   Cavar o terreno na profundidade de 20 centímetros.
bullet   Desmanchar os torrões, usando enxada ou enxadão, deixando o terreno bem fofo.






3. PREPARO DOS CANTEIROS

Posição:

Em terrenos inclinados, os canteiros devem ficar atravessados em relação à queda do terreno para evitar que as águas das chuvas os destruam. Deve-se fazer uma cercadura, porque a regagem constante causa erosão nas beiradas do canteiro e diminui a área útil a ser plantada. A cercadura pode se feita com a própria terra do canteiro, tábuas, tijolos, madeira roliças ou qualquer material que segure a terra.

Dimensões:

Altura: 15 a 20 centímetros.

Comprimento: 5 metros. Pode ser maior dependendo da disponibilidade do terreno.

Largura: na beira da cerca, meio metro; no meio da horta, 1 metro.

Distância entre um canteiro e outro: de 30 a 50 centímetros.

As medidas ideais para um canteiro são as indicadas aqui. Mas, você deve fazer os canteiros do tamanho que a sua área permitir e até mesmo usar caixote ou vaso.

4. FERRAMENTAS

As ferramentas mais comuns que podem ser usadas numa horta são: colher, ancinho, enxadinha, regador, mangueira, enxada, enxadão. Se você não tem todas, pode aproveitar algum material disponível que tem em casa e fazer suas próprias ferramentas, ou mesmo substituir algumas.

5. SEMENTEIRA:


           

É o local onde se planta as sementes de algumas hortaliças para obter as mudas que serão transferidas para o canteiro. A sementeira é muito importante porque o bom desenvolvimento das plantas vai depender da qualidade das mudas. A sementeira de uma horta doméstica pode ser feita na ponta de uma canteiro comum, geralmente 2 ou 3 m2 de canteiro são suficientes.

Veja alguns cuidados importantes para fazer uma sementeira:
bullet   Usar 1 parte de terra; 1 parte de esterco (composto orgânica) e 2 partes de areia. Misturar bem e peneirar.
bullet   Não use adubo químico na sementeira .
bullet   Fazer sulcos ou reguinhos, com a terra já umedecida, de 10 em 10 centímetros de distância, com 1 a 2 centímetros de fundura para colocar as sementes. Os reguinhos devem ficar atravessados na sementeira.
bullet   Semear a quantidade necessária de sementes, de acordo com o seu canteiro e o número de mudas que deseja.
bullet   Para cobrir as sementes nos reguinhos, peneirar em cima da sementeira uma camada fina de terra.



bullet   Cobrir a sementeira com saco ou capim.
bullet   Logo após as mudinhas nascerem, levantar esta cobertura e firmar com forquilha de madeira.
bullet   A posição da sementeira deve ser atravessada em relação ao sentido do sol.
bullet   Regar duas vezes ao dia, de manhã e à tarde.
bullet   Arrancar o mato sempre que for preciso.
bullet   Molhar bem a sementeira quando for retirar as mudas.
bullet   Tirar as mudas quando as plantinhas tiverem 4 a 6 folhas.
bullet   Usar uma colher comum ou colher de transplante para tirar as mudas.
bullet   As raízes não devem ser prejudicadas.

6. PLANTIO

O plantio no canteiro pode ser feito de três formas. Veja as instruções para os diferentes tipos de plantio:

6.1 Plantio de Mudas:
bullet   Neste tipo de plantio são usadas as mudas de alface, couve, tomate, reponho, almeirão, cebola, pimentão etc. Vindos da sementeira.
bullet   As mudas devem ser escolhidas sempre preferindo as mais fortes e sadias e devem ser retiradas da sementeira, se possível, com a terra.

bullet   Mas, de 8 a 10 dias antes de transferir as mudas, o canteiro deve receber adubação orgânica e química. Você deve misturar à terra do canteiro 3 a 4 litros do composto orgânico (esterco) e 10 colheres das de sopa (100 gramas) do adubo NPK 4-18-8, para cada metro quadrado de canteiro.
bullet   As mudas não devem ser enterradas de mais na terra, 30 centímetro de espaçamento uma da outra e 2 a 3 centímetros de profundidade. Aperte um pouco para ficar firme.
bullet   As raízes das mudas não podem ficar dobradas. Mudas com raízes tortas ou quebradas não devem ser aproveitadas.
bullet   O transplantio deve ser feito à tardinha, com o tempo fresco.
bullet   Após o plantio, todas as mudas devem se regadas.
bullet   25 dias depois da mudança das mudas, regar com salitre ou sulfato de amônia, sempre à tardinha, usando: 1 (uma) colher das de sopa para cada 10 litros de água, que serão aplicados em cada 1 (um) metro quadrado de canteiro. Em seguida, regar bem com água limpa para evitar que as folhas fiquem queimadas.


6.2 Plantio Direto no Canteiro:


- Costuma-se plantar diretamente no canteiro as sementes de cenoura, rabanete e beterraba.
bullet   Este tipo de plantio é feito em metro corrido (linear), em fileiras, pelo canteiro, mantendo distância de 20 a 30 centímetros entre as fileiras.
bullet   Porém, de 8 a 10 dias antes da semeadura, você deve adubar o canteiro com composto orgânico (esterco) e adubos químicos: misturar na terra do canteiro 3 a 4 litros de esterco e 10 colheres das de sopa (100 gramas) do adubo NPK 4-14-8 para cada metro quadrado da área.
bullet   Antes de semear, abrir os sulcos ou linhas com a fundura de 2 a 3 (um) centímetro.
bullet   É comum neste tipo de plantio nascer um número maior de plantas em um mesmo local. Quando isto acontecer, fazer o desbaste, tirando as plantas mais fracas e obedecendo o espaçamento.
bullet   25 (vinte e cinco) dias após o plantio, espalhar, para cada metro corrido, 1 (uma) colher das de sopa (dez gramas) de sulfato de amônia ou salitre do Chile ou ainda do NPK 4-14-8. O adubo deve ser jogado entre as fileiras do canteiro.




6.3 Plantio em Covas:

- Costuma-se plantar nas covas as sementes de vagem, abobrinha, quiabo e ervilha.
bullet   Fazer covas com enxada ou enxadão, cavando até 20 (vinte) centímetros de fundura.
bullet   Fazer adubação 10 dias antes do plantio. Você deve colocar em cada cova 5 (cinco) litros de esterco bem curtido e 10 (dez) colheres (100 gramas) de adubo NPK 4-14-8.
bullet   Plantar 3 sementes em cada cova.
bullet   Regar duas vezes por dia.
bullet   25 (vinte e cinco) dias depois do plantio, colocar em cada cova 1 (uma) colher das de sopa ( 10 gramas) de sulfato de amônia ou salitre do Chile ou então do NPK 4-14-8.
bullet   Quando as plantas tiverem 20 (vinte) a 30 (trinta) centímetros de altura, fazer o desbaste, tirando a muda mais fraca.






7. ADUBAÇÃO

Os adubos são usados para ajudar no crescimento das plantas. Eles podem ser químicos ou orgânicos. O adubo químico é o que você já compra pronto como, por exemplo, o salitre do Chile, o sulfato de amônia e o NPK 4-14-8. Os adubos orgânico e o lixo curtido.



7.1 ADUBO CASEIRO

O esterco animal (tirado do curral ou galinheiro) pode ser substituído por outro tipo de adubo orgânico, feito com o seguinte material: folhas em feral, restos de cozinha, mato capinado, cinzas, restos de animais, cascas de frutas e outros. É fácil preparar em casa mesmo o adubo orgânico. Veja aqui:

Modo de preparar:
bullet   Furar um pequeno buraco na terra e jogar todo material disponível.
bullet   Tampar e jogar água 2 (duas) vezes por semana.
bullet   O adubo estará pronto para ser usado quando a mistura estiver curtida, ou seja, fria.
bullet   Para ver se está curtido, colocar uma chapa de metal até o fundo do buraco e deixar por 10 minutos. Quando retirar a chapa, veja se ela esta quente ou fria. Se estiver fria, o adubo pode ser usado imediatamente, mas, se estiver quente, não está pronto e você deve colocar mais água.






Uso correto:
bullet   3 a 4 ( três a quatro) litros por metro quadrado de canteiro.






8. PRAGAS

Formigas Saúva (cabeçuda):
bullet   Para combater esta formiga, existe no mercado um série de formicidas. Mas o mais prático e que não exige equipamento para aplicação é o formicida granulado (em grãos).
bullet   Você deve ter o máximo cuidado de não tocar as mãos no formicida, porque as formigas notariam o cheiro humano e não o levariam para o formigueiro.
bullet   A melhor hora para colocar o formicida no canteiro das formigas é a tardinha, pois à noite elas o carregam para o formigueiro.
bullet   Você deve ter cuidado para não colocar o formicida em lugares úmidos e nem aplicar quando estiver ameaçando chuva.
bullet   O formicida não deve ser deixado ao alcance de crianças nem de animais, porque é altamente perigoso e pode provocar até morte.






Outros tipos de Formiga ( lava-pés, quem-quem, cupim etc.):
bullet   Usar uma solução de creolina, feita com 1 (um) copo de creolina para cada 10 (dez) litros de água.






Uso correto:
bullet   Localizar o formigueiro.
bullet   Remover a terra com a enxada.
bullet   Encharcar o local com a solução de creolina






Besouros, Caracóis, Lesmas, Tatuzinhos, Lagartas, Pulgões etc:

Para combater estas pragas, use qualquer uma das seguintes soluções:

1. Extrato de nicotina - Ingrediente: 20 (vinte) centímetros de fumo de rolo forte e 4 (quatro) litros de água.

Picar o fumo e ferver durante 30 (trinta) minutos em 1 (um) litro de água. Retirar do fogo e deixar esfriar. Coe em pano fino e misture com mais 3 litros de água. O produto obtido é pulverizado sobre as pragas. Ter cuidado de aplicar rapidamente, porque seu efeito só dura 8 horas.

2. Tábuas nos Canteiros:

Coloque tábuas nos canteiros, pois nas horas quentes do dia os insetos se escondem debaixo das tábuas, sendo possível matá-los quando as tábuas são retiradas.

3. Cinza, cal e sal de cozinha:

Espalhar qualquer um destes produtos no canteiros.



9. TRATOS

Aqui estão alguns tratos importantes numa horta, para que suas plantas cresçam sadias e viçosas:
bullet   Regar, molhar ou aguar: Os canteiros devem ser molhados duas vezes por dia, de manhã e à tarde. Se não tiver condições de aguar duas vezes, regue pelo menos uma vez, à tardinha. Este tipo de trato é conhecido com irrigação.
bullet   Capinar: O mato que nascer nos canteiros deve ser retirado toda semana para não prejudicar o crescimento das verduras.
bullet   Fofar: Uma vez por semana, é preciso fofar bem a terra. Este cuidado é conhecido também como escarificação.






10. CUIDADOS

Sementes: Quando for comprar as sementes, é preciso verificar a procedência , espécie , validade e variedade com cuidado. Cada tipo de semente deve ser semeada de acordo com a melhor época da plantio.

Os inseticidas: Os inseticidas químicos não devem ser usados na horta, pois esto pode trazer sérios problemas para a saúde humana, já que muitos alimentos são comidos também crus.

Água: Não use água suja (poluída) para regar os canteiros, porque isto pode danificar as plantas e trazer problemas para sua saúde.

Remédios: Sempre que aplicar remédios caseiros nos canteiros de hortaliças, espere pelo menos 5 (cinco) dias para comê-las.

Rotação de Cultura: Após cada colheita, você deve alternar, no canteiro, o plantio de verduras de folhas por tubérculos, que são as hortaliças que dão batata debaixo da terra. Isto quer dizer que, no mesmo canteiro onde você plantou couve, pode plantar, por exemplo, a beterraba. A alface pode substituída pela cenoura; o repolho por rabanete e assim por diante, de acordo com a sua preferência.

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