A BOA ESTRELA

A BOA ESTRELA

10 lições para atrair sorte

Por Dominique Bouvier*



No dicionário, sorte quer dizer "força que determina ou regula tudo o que ocorre e cuja causa se atribui ao acaso das circunstâncias ou a uma suposta predestinação". Mas um estudo feito com 700 voluntários prova o contrário. A boa estrela não é um dom, mas uma virtude que se trabalha. Essa é a teoria do psicólogo britânico Richard Wiseman, que lançou recentemente um livro sobre o Assunto. Nele, o autor decodifica todas as atitudes que atraem boa fortuna. Aqui, elas estão resumidas em dez mandamentos, porque a felicidade não espera

Ao contrário do que muita gente imagina, a sorte não nasce com algumas pessoas. É algo que pode -e deve- ser construído e ampliado. Pelo menos é o que afirma o psicólogo britânico Richard Wiseman, autor de um livro sobre como conquistar a boa estrela. Por enquanto, a obra só pode ser adquirida em inglês -"The luck factor, changing your luck and changing your life" (Miramax Books)-, mas deve ser lançada no Brasil em setembro, pela Editora Record, com o título "O Fator Sorte" (R$ 36, 304 páginas). No livro, Wiseman ensina não só a compreender as marés de azar, mas também evitá-las.

O próprio Wiseman parece ser um sujeito sortudo. Cientista carregado de diplomas, ele foi mágico antes de obter o doutorado em psicologia e conseguir uma prestigiosa bolsa na Universidade de Cambridge, na Inglaterra. Hoje dirige uma unidade de pesquisa na Universidade de Hertfordshire, na Grã-Bretanha, onde seus interesses vão da psicologia à parapsicologia, passando pelo estudo da magia, da intuição, do riso, da sorte.

Dez anos atrás, Wiseman decidiu compreender por que certas pessoas sortudas têm êxito em tudo o que realizam -encontram sem esforço sua alma gêmea, atingem a maioria dos objetivos a que se propõem e dão à vida uma direção que as torna mais felizes. Por meio de uma convocação pela imprensa, Wiseman selecionou 700 pessoas de 18 a 22 anos, especialmente sortudas ou azaradas. O psicólogo, que já está sendo chamado de "senhor sorte", e sua equipe estudaram as diferenças na maneira de pensar e de se comportar dessas duas categorias de pessoas.

Ao comparar os sortudos com os azarados, Wiseman constatou que quase todos os infelizes que adotaram reações de vencedores tiveram mudanças perceptíveis em suas vidas, incluindo um melhor grau de sorte e autoconfiança. Foi a partir dos testemunhos de seus entrevistados que Wiseman extraiu princípios psicológicos que fundamentam uma vida marcada pela sorte. Mas, atenção: os princípios não são um sistema de probabilidades que permitirá a todo mundo ganhar sorte. Como a felicidade está em cada pessoa, basta frutificá-la, segundo ele. Para quem se arriscar nas teorias de Wiseman, um aviso: não fique paralisado por suas ambivalências -os atos falhos são, muitas vezes, responsáveis pelos fracassos- ou pela culpa, que priva de felicidade uma boa parte das pessoas.

A seguir, dez lições essenciais de Richard Wiseman para obter uma boa dose de sorte.



1 - Construir a sua rede de sorte

Por Dominique Bouvier*



Se você é azarado, comece saindo da concha: a sorte está do lado dos extrovertidos que, ao multiplicar os contatos, aumentam suas probabilidades de encontros rendosos. A prova disso? Como todo mundo, você conhece pelo menos cerca de 300 pessoas. Basta dar a mão a um desconhecido, que também conhece 300 pessoas, para criar 90 mil eventuais "resultados positivos". O desafio aqui é não encontrar um pouquinho de sorte entre esses milhares de nomes.

Cuide do círculo de amigos, atualize sua agenda de endereços e dê um toque a todos aqueles que nem se lembram que você compartilha o mesmo planeta. E mesmo se, no final, contar com uma dezena de pessoas, cultive a amizade e isso lhe dará 100% de amigos fiéis e dedicados.

Você é tímido ou pouco falante? Mude seu rifle de ombro e mire na atitude, na linguagem corporal e nas expressões faciais. Adote gestos abertos, mas sem exageros. E não esqueça de sorrir e de olhar nos olhos de seu interlocutor. Estatisticamente, os sortudos sorriem duas vezes mais e acompanham o olhar do interlocutor. Mas atenção: só valem as interações totalmente sinceras.

2 - Detectar uma boa ocasião

Por Dominique Bouvier*


Este capítulo trata da capacidade de localizar, entre milhares, a pessoa ou o anúncio que mudará a sua vida. Mas é inútil ficar de tocaia, o segredo está na atitude descontraída e extrovertida e um certo estado de atenção. Explicações de Wiseman: "Ao enfocar o que nos interessa, acabamos ignorando o restante do ambiente. O raio de atenção se concentra tão intensamente quanto inutilmente, em vez de passear pelo campo de probabilidades".

Exemplo: você passa toda a festa do escritório lustrando o ego de seu chefe, sem dar nem sequer uma olhada para o novo estagiário de marketing, cujo potencial deverá projetá-lo em breve para as altas esferas da empresa. Erro fatal. É quando elas ainda são invisíveis que se deve simpatizar com as pessoas, desde que se levante as antenas para detectar o futuro figurão. Note que as personalidades famosas costumam ter um grupo de amigos da juventude que se tornaram ilustres, prova de que talento atrai talento, mas também de que abertura de espírito provoca belos encontros


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3 - Incentivar o imprevisível com todas as forças

Por Dominique Bouvier*


Segundo o livro de Wiseman, o sortudo tem sede de novidades que se manifestam em todos os campos, incluindo os mais fúteis. Chega de lamentações em grupo. Enlouqueça sua bússola interna e evite caminhos marcados. Se suas férias são sempre iguais, pode estar chegando a hora de mudar. Mas saiba que você tem o direito de preferir a solidez do comprovado ao risco da aventura. Simplesmente, segundo Wiseman, assim se esgota "de maneira absurda" as oportunidades que a vida reserva. Então solte-se, tenha novas experiências, abra seus horizontes. A atitude deverá aumentar lenta, mas constantemente seu "potencial de ocasiões propícias".

Mas tranqüilize-se, é o psicólogo quem diz: "Adquirir esse novo estado de espírito mais aberto e mais curioso não deve de modo algum ser uma tortura". O ideal é proceder com calma e, aos poucos, ir modificando suas rotinas.



4 - Escutar a intuição

Por Dominique Bouvier*


Não se anime por ter alcançado o quarto patamar do conhecimento de sorte. A situação não está ganha. É preciso ainda colocar no bolso um adversário de peso: você mesmo. Sim, você, que se recusa a confiar em sua intuição. Interrogados sobre a intuição, 80% dos sortudos afirmam que ela tem papel vital em suas opções profissionais, enquanto 90% confiam nela para se orientar em suas relações pessoais.

Mas não somos iguais diante do sexto sentido, porque, assim como a memória, ele exige treinamento. Para reforçar e liberar a intuição, recorra a ela para as decisões da vida. Para tanto, escreva suas diferentes opções, preto no branco. Se a questão é afetiva e você não sabe se larga o seu namorado ou não, escreva sua carta de ruptura. Depois coloque-a num envelope, cole o selo e faça uma pausa. O que sente? Deseja enviar a carta ou uma pequena voz fica assoprando para que nada seja feito? Deixe-se conduzir sem se forçar. É sua intuição que deve falar.



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5 - Praticar a autopersuasão - A sorte está comigo


Sortudos e azarados alimentam exatamente os mesmos sonhos, as mesmas ambições. A diferença definitiva entre eles, segundo Wiseman, é que os sortudos têm certeza de que vão realizar pelo menos alguns sonhos, enquanto os azarados continuam convencidos de que os sonhos estão fora de alcance. A visão das coisas é, portanto, decisiva para concretizar esperanças. Para saber se situar na escala de convicções, faça o teste abaixo. Dê notas de 1 a 100 às probabilidades para os fatos que possam acontecer:

Quando envelhecer, terei uma aparência jovem para a minha idade;

Minhas próximas férias serão fantásticas;

Irei desenvolver ou criar uma boa relação com a minha família;

Um amigo distante vai me visitar;

Meu sucesso será admirado.

Suas respostas se situam, em média, entre 75 e 100 pontos? Segundo a curva de Wiseman, você possui a mentalidade de pessoa sortuda. De 46 a 74, a paisagem é neutra no seu setor de boa sorte. Abaixo disso, nada de alarmante, mas indica que poderia forçar um pouco a dose pelo lado do otimismo.



6 - Ser perseverante contra tudo e contra todos

Por Dominique Bouvier*



Não se trata de ser otimista de qualquer maneira. Quantos azarados continuam marcando seus cartões da Mega-Sena, convencidos de ser o feliz eleito entre milhões de apostadores, mas desanimam com objetivos bem mais acessíveis? São essas pessoas que lamentam: "Por que lutar para evoluir, meu chefe jamais vai aprovar o meu projeto". Ou ainda aquelas que vivem pensando: "Para que vou sair e tentar me divertir se o homem da minha vida sempre me evita". Ora, a perseverança é um dos principais atributos dos sortudos. Mas, diferentemente dos jogadores de loterias, eles acreditam no impacto de seus próprios atos sobre o destino, mais que a intervenção de um milagre.


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7 - Sonhar colorido e em três dimensões

Por Dominique Bouvier*


Acalentar um projeto, como um encontro amoroso ou um novo emprego, e imaginá-lo em detalhes, é criar uma forma de auto-sugestão. Quanto mais ele se tornar familiar, mais parecerá ao seu alcance.

Do ponto de vista prático, essa técnica também permite o preparo para o sucesso da ação a ser realizada. Exemplo: há várias semanas, você trabalha para ganhar um cliente novo. Para seu escritório, o feito seria uma publicidade e tanto e também o seu reconhecimento garantido. Antes da reunião decisiva, Wiseman aconselha a visualizar diversas vezes o desenrolar das negociações, nunca perdendo de vista que sairá ganhando. Faça como uma partida de xadrez. Antecipe mentalmente as reações do adversário, preveja os golpes. No dia marcado, desde que seu cliente não se chame Kasparov (Garry, campeão mundial de xadrez), você bem poderá sair com o contrato no bolso


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8 - Competir com um olhar totalmente novo

Por Dominique Bouvier*


Os atletas vencedores de medalhas de bronze, ao que parece, ficam mais satisfeitos do que aqueles que conseguem as de prata. Para os psicólogos, as medalhas de prata acarretam a idéia de que, se tivessem se esforçado um pouquinho mais na prova, teriam conseguido o ouro. Por sua vez, os medalhistas de bronze pensariam que poderiam não ter ganho nada.

A partir desse exemplo, Wiseman aconselha as pessoas a desenvolver a capacidade de atenuar suas reações emocionais em caso de fracasso. Os sortudos também sofrem adversidades, como um pneu furado ou um resfriado. Mas, numa situação difícil ou chata, eles têm um olhar mais positivo do que os azarados. O ideal é tornar os pensamentos positivos como algo automático. Experimente refletir: quais conseqüências mais ou menos graves poderiam decorrer desse fato? Isso ajudará antes de chegar a qualquer conclusão.


9 - Ter memória curta

Por Dominique Bouvier*


Capitalizar sobre a infelicidade abre imediatamente as portas da calamidade. Ao ruminar sonhos frustrados e ocasiões perdidas, qualquer pessoa passaria sem perceber do azar para a maldição. Felizes, segundo Wiseman, são os que sabem se desligar dos fatos que não lhes favoreceram para se concentrar no futuro. Há muitas possibilidades nesse dom de distanciamento, o que permite qualquer um se recuperar mil vezes sem se deixar abater pelas experiências passadas.

Uma advertência: a memória é uma espécie de disco rígido no qual gravamos ou deletamos nossos atos e nossas emoções. Apagar as lembranças mais negativas também é admitir que é inútil se autoflagelar e, finalmente, estar pronto para virar a página.



10 - Renascer da má sorte



É o truque e o segredo dos sortudos, segundo a teoria de Wiseman. Quem transforma as inconveniências em sucesso fica de bem com a vida. É preciso encontrar um tempo para refletir sobre as conseqüências positivas da falta de sorte. Se necessário, projetando-se no futuro, onde terá certeza de que as coisas acabarão dando certo. Enfim, perceberá, mesmo a longo prazo, que foi por causa de um avião perdido que encontrou seu futuro marido, ou por causa de uma demissão inesperada que você conseguiu um emprego dez vezes mais interessante.

Os sortudos, de acordo com Wiseman, se revelam ao longo das provações. E o felizardo escondido em você não vai demorar para aparecer. Basta jogar e não esquecer o que dizia o dramaturgo Tennessee Williams (que realmente não foi um perdedor): "Sorte é acreditar que somos sortudos".