domingo, 22 de abril de 2012

lixo em energia

Lixão é crime ambiental e aterro é cafona: há tecnologia brasileira para transformar lixo em energia

Redação do Instituto Akatu

Unaí(MG) experimenta com sucesso a transformação de resíduos em combustível e prevê queimar 100% da coleta diária até 2012.
Quase tudo vira lixo, e o lixo vira o quê? Com a recém-aprovada Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), grande parte do material jogado fora poderá ser queimado como combustível e se tornar uma nova fonte de energia para o país. Atualmente, o Brasil produz 183,5 mil toneladas de lixo por dia e ainda não dispõe de tecnologia em larga escala para transformar esse lixo em energia elétrica. 
Mas a cidade mineira de Unaí já vem experimentando com sucesso o uso do lixo na geração de energia e, até o fim de 2011, deve queimar 100% do lixo coletado diariamente, acabando com o aterro sanitário localPelo Projeto Natureza Limpa (http://www.naturezalimpa.com/), a prefeitura implantou em parceria com um empresário local uma miniusina de carbonização do lixo. O processo ainda não produz energia elétrica, mas transforma o lixo em combustível para as siderúrgicas do Estado e matéria prima para indústrias químicas.
Na miniusina de Unaí, o lixo é depositado em um forno, sem nenhuma separação. O material orgânico e outros combustíveis como plástico viram carvão; produtos de origem mineral não combustível, como vidro, permanecem intactos. Cerca de 90% do material carbonizado são vendidos a siderúrgicas mineiras, e os 10% restantes são usados na fornalha da própria usina. Já os materiais que ficam intactos seguem para a reciclagem.
O chamado chorume, aquele líquido escuro e espesso que sai do lixo se transforma em vapor no forno, mas não volta a poluir o ar. Esse vapor é canalizado para um destilador que expele apenas água e oxigênio. No destilador o vapor de chorume é transformado em quatro subprodutos: óleo vegetal, alcatrão, lignina e água ácida, usados na produção de biodiesel, cosméticos, abrasivos, entre outros.
O sistema mineiro já recebeu a licença ambiental e pode se tornar uma boa opção para fechar os lixões de todo o país. Esse tipo de depósito de lixo não tem nenhum tratamento ambiental e polui ar, água, solo, subsolo e o lençol freático. A Política Nacional de Resíduos Sólidos obriga os municípios a acabarem com os lixões em até quatro anos.
Sérgio Guerreiro, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e coordenador do Conselho de Pesquisa em Tecnologia de Geração de Energia a Partir de Resíduos (WTERT Brasil), diz que a experiência na Comunidade Europeia deu certo. Em 2009, 60 milhões de toneladas de lixo foram incineradas na Europa.

Veja os principais benefícios do projeto Natureza Limpa:

1. Extinção dos lixões e aterros sanitários
Por utilizar o lixo como matéria-prima, o Projeto Natureza Limpa visa a médio e longo prazo, a extinção dos lixões e aterros sanitários nos municípios onde forem instaladas as usinas, acabando assim com os sérios problemas ambientais e sociais causados pelos mesmos.
A idéia é possibilitar um consumo contínuo dos resíduos urbanos descartados, para a produção de briquetes de carvão, fonte de energia termoelétrica.

2. Preservação Ambiental
 Fim dos impactos ambientais causados pelo lixo ao solo, ao ar e ao lençol
   freático, principalmente pelo chorume, visto que todo o processo, desde a
   chegada dos resíduos até a produção final, elimina qualquer tipo de
   contato com o solo.
 Substituição da queima de lenha na produção do carvão, diminuindo o     desmatamento e a poluição.
 Filtragem dos gases nocivos liberados na carbonização do lixo.
 Aumento da oferta de energia elétrica.

3. Produção de energia termoelétrica
Produção de carvão com alto poder calórico, para uso industrial. Produto que será usado como fonte de energia termoelétrica e também como fonte de energia em todo o seu processo de produção. A produção do carvão é feita através da carbonização do lixo, em um processo limpo e eficaz, onde é realizada a filtragem e reaproveitamento de todos os gases e elementos nocivos gerados nesta carbonização.

4. Alta Capacidade de Produção
Alto consumo de resíduos através de usinas com capacidade de processamento de até 10 toneladas/hora.
A quantidade de carvão produzida pode variar significativamente em função da “qualidade” dos resíduos, pois o processo dispensa a coleta seletiva do lixo.

5. Facilidade de implementação e implantação
As máquinas para fabricação de briquetes possuem baixo custo operacional e de fabricação, por utilizarem mecanismos simples no seu funcionamento, possibilitando assim redução nos custos com manutenção e mão-de-obra.

6. Alto impacto econômico
Partindo do princípio que o volume produzido de lixo no Brasil é de 350 kg/ano por habitante, o volume de carvão a ser produzido com esta matéria-prima poderá oferecer às usinas termoelétricas o suficiente para aumentar significativamente a produção de energia elétrica em todo o país.
O projeto possibilitará também uma redução significativa nos gastos com acondicionamento e transporte do lixo urbano.

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